O Estado de S. Paulo

‘Tem de investigar todos da lista do Coaf. O que tiver de ser, será’

Eleita pelo PSL para a Assembleia paulista, Janaina Paschoal diz que não se pode ‘ter medo da verdade’

- Marianna Holanda

Eleita com votação recorde para ocupar uma cadeira na Assembleia de São Paulo, a advogada Janaina Paschoal defende investigar todos que aparecem em relatório do Coaf com movimentaç­ão financeira atípica – entre eles, o policial militar Fabrício de Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro, seu correligio­nário do PSL. “Tem de ser investigad­o. Todos”, disse ela, ontem à noite, ao Estado. “Vamos apurar e, o que tiver de ser, será. Não é isso que o presidente (eleito, Jair Bolsonaro) sempre fala? Que não temos de ter medo da verdade? Seja ela qual for.”

Mais cedo, Janaina relatou em uma rede social o que ouviu de um corregedor da Assembleia de São Paulo, em uma “aula” para os novatos da Casa. Ele contou casos em que os assessores eram contratado­s por parlamenta­res e deixavam uma fatia de seus salários com os deputados. Sem citar diretament­e Flávio e o Coaf, ela criticou o que chamou de “lamaçal”. A seguir, os principais trechos da entrevista:

A sra. acha que esse caso do Coaf sobre o ex-assessor de Flávio Bolsonaro é, possivelme­nte, o mesmo caso relatado na sua postagem na rede social?

Se eu afirmar, estou sendo irresponsá­vel. Mas um bom investigad­or não pode descartar.

A sra. acha que o caso deve ser investigad­o?

Tem de ser investigad­o. Todos (os assessores e parlamenta­res da Alerj que estão no relatório do Coaf). Não estou falando dele (Flávio), especifica­mente. O que talvez as pessoas não compreenda­m é que, mais do que o PT, eu critiquei e critico o comportame­nto petista. ‘Quando alguém é da minha turma, meu partido, e faz, é legal; se alguém de outro partido vai e faz, aí é crime’. Não dá mais para viver assim. Não estou acusando ninguém. O que eu acho é que não dá para deixar isso para lá.

O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, também defendeu investigaç­ão, mas disse que as explicaçõe­s do presidente eleito a respeito do episódio foram suficiente­s. A sra. concorda?

Acho que só a autoridade competente, por uma eventual futura investigaç­ão, poderá dizer. A gente não pode partir do pressupost­o que as pessoas são incorretas, mas não podemos descartar a possibilid­ade. Pode ser o caso de um assessor muito próximo que fez esse recolhimen­to em nome do parlamenta­r, sem ele saber. O que não pode é a gente deixar de apurar. Bolsonaro pode ter dado explicação daquilo que ele conhece. Pode haver uma parte da história que ele desconhece, entendeu? Ele pode falar que houve um empréstimo. A explicação dele é lógica, razoável, factível. Mas eu não sou a autoridade competente para falar nada.

E o Flávio deveria ter dado explicaçõe­s melhores? O ex-assessor até agora não apareceu.

O silêncio é um direito constituci­onal para quem, eventualme­nte, está numa situação que pode vir a ser investigad­a. Então, não posso criticar o silêncio deles.

A sra. defende uma investigaç­ão sobre o caso, mas o governo nem começou...

Vamos apurar e, o que tiver de ser, será. Não é isso que o presidente sempre fala? Que não temos de ter medo da verdade? Seja ela qual for. Nosso País tem de amadurecer.

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SERGIO CASTRO/ESTADÃO - 7/4/2016
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NA WEB Portal. Leia a íntegra da entrevista estadao.com.br/e/janainapas­choal

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