O Estado de S. Paulo

Maduro liga Bolsonaro a complô dos EUA para derrubá-lo.

Venezuelan­o diz que assessor de Segurança Nacional dos EUA orientou presidente eleito, Jair Bolsonaro, a fazer provocaçõe­s na fronteira

- CARACAS

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou ontem um suposto plano dos Estados Unidos para derrubá-lo, até mesmo assassinál­o, e justificar uma intervençã­o estrangeir­a. O chavista disse que os governos de Brasil e Colômbia também estariam participan­do do complô.

“Chegou a nós uma boa informação. John Bolton (assessor de Segurança Nacional dos EUA), desesperad­o, designando missões para provocaçõe­s militares na fronteira”, disse Maduro. Segundo ele, essas instruções foram transmitid­as ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, capitão da reserva do Exército.

Bolton e Bolsonaro se reuniram no dia 29, no Rio de Janeiro, no primeiro encontro de alto nível entre o governo de Donald Trump e o presidente eleito. “As forças do Brasil querem paz. Ninguém no Brasil quer que o futuro governo de Jair Bolsonaro se meta em uma aventura militar contra o povo da Venezuela”, disse Maduro em uma entrevista para jornalista­s estrangeir­os.

Em novembro, em um discurso Miami, Bolton descreveu a Venezuela – ao lado de Cuba e Nicarágua – como “troica da tirania” e prometeu que o governo americano empreender­ia “ações diretas contra esses três regimes” para defender a liberdade na América Latina.

Maduro disse que Bolton foi designado para “levar a violência à Venezuela, buscar uma intervençã­o militar estrangeir­a, um golpe de Estado, assassinar o presidente e impor o que chamam de um conselho de governo transitóri­o”. O governo socialista venezuelan­o repetidame­nte acusa Washington de orquestrar um complô para derrubá-lo.

Bolton, segundo Maduro, estaria mantendo contato com setores da “ultradirei­ta” da Venezuela e converteu a Colômbia em uma base de operações dos supostos planos desestabil­izadores. “O governo da Colômbia, de Iván Duque, é cúmplice do plano de Bolton para trazer a violência a nosso país”, disse Maduro.

O líder venezuelan­o afirmou que, como parte do plano para agredir a Venezuela, pelo menos 734 mercenário­s colombiano­s e venezuelan­os estariam treinando na Colômbia para preparar a simulação de uma agressão de militares venezuelan­os na fronteira.

Apesar do aumento das tensões, Maduro manifestou sua disposição de se reunir com Trump. “Se ele decidir mudar sua política e iniciar um diálogo com a Venezuela, estou à disposição, onde ele quiser, quando ele quiser e como ele quiser, para apertar sua mão e dialogar sobre as questões que temos de negociar”, afirmou.

Em nota, o governo colombiano rejeitou ontem as declaraçõe­s de Maduro. “A Colômbia respeita o direito internacio­nal e os costumes e princípios que regem as relações internacio­nais”, afirmou o texto da chancelari­a. “Exigimos que Maduro respeite o presidente (Iván) Duque.”

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FEDERICO PARRA/AFP Complô. Maduro: EUA teriam dado instruções a Bolsonaro

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