3 PERGUNTAS PARA...
Darcio Martins Genicolo, professor do departamento de Economia da PUC-SP
1.
Quais as características de um clube-empresa?
Do ponto de vista jurídico, clube-empresa é um clube esportivo que, em vez de ser constituído como uma associação civil sem fins lucrativos, é uma empresa criada com o objetivo de lucro a partir da prática esportiva associada. Do ponto de vista de gestão, é uma empresa convencional, que pode definir seu estatuto e estrutura de governança. No Brasil, os clubes são associações sem fins lucrativos. A parte social e o futebol estão sob a mesma estrutura organizacional, o mesmo guarda-chuva. Com isso, há uma interferência política dos dirigentes da área social no futebol. Isso gera grande probabilidade de má gestão dos recursos. O clube-empresa separa o clube social da gestão do futebol. Com isso, o controle exercido pelos stakeholders (investidores, torcedores e controle externo) aumenta.
2.
Como funcionam os clubes-empresa no Brasil? É um ecossistema bastante heterogêneo. Em geral, existe uma curva de aprendizagem, tentativa de erro. Mas o fato é que há algumas histórias de sucesso. Uma delas se verifica com o Ituano, no interior de São Paulo. O AtléticoPR vem se preparando para virar empresa e está na iminência de fazê-lo. O desafio desse modelo é alcançar os grandes clubes.
3.
Existem outras formas de gestão?
Nos anos 1990, nós tivemos a experiência Palmeiras/Parmalat, que era uma cogestão. Era uma empresa formada com integrantes do clube e da patrocinadora. Existe um caso de associação sem fins lucrativos que pertence à comunidade. Temos exemplos na NFL. É a ideia do sócio-torcedor levada ao extremo. Também temos os casos de terceirização da parte administrativa e do futebol. Ituano e Figueirense são alguns exemplos. Por fim, temos os casos de um grande investidor, como o Palmeiras com a Crefisa, que investe no marketing e na contratação de jogadores. Nesse modelo, é fundamental o bom relacionamento entre o clube e o investidor.