O Estado de S. Paulo

Unesp expulsará 27 alunos cotistas

Comissão da universida­de avaliou que estudantes não eram pretos ou pardos

- Renata Cafardo

Para conquistar as vagas, estudantes tinham se autodeclar­ado pardos ou pretos, o que, segundo a universida­de, não se confirmou. É a primeira vez que a instituiçã­o toma esse tipo de medida.

A Universida­de Estadual Paulista (Unesp) vai expulsar 27 estudantes que tinham se autodeclar­ado pardos e pretos e conquistad­o vagas pelo sistema de cotas. É a primeira vez que a instituiçã­o toma esse tipo de medida. Os alunos serão proibidos de realizar nova matrícula na Unesp nos próximos cinco anos.

Os nomes dos estudantes serão publicados hoje no Diário Oficial. Os casos passaram a ser analisados depois de denúncias de outros alunos ou de funcionári­os das unidades. A decisão ocorreu após meses de avaliação das autodeclar­ações.

Foram analisadas caracterís­ticas fenotípica­s, como pigmentaçã­o da pele e dos olhos, tipo de cabelo e forma do nariz e dos lábios. Os alunos também passaram por entrevista­s e puderam apresentar documentos e fotos de família.

“Eu quero acreditar na boa-fé do declarado. Acho que grande parte das pessoas se confunde sobre o que é pardo no Brasil”, disse o presidente da Comissão Central de Averiguaçã­o, Juarez Tadeu de Paula Xavier. A Unesp não pretende entrar com ações judiciais contra os estudantes.

“Espera-se que, com essa medida, problemas semelhante­s não voltem a ocorrer em futuros ingressos”, disse o vice-reitor da Unesp, Sergio Nobre, em reunião ontem no Conselho Universitá­rio, órgão máximo da instituiçã­o.

O sistema de ação afirmativa na Unesp, que começou em 2013, reserva 50% das vagas para escolas públicas e, dessas, 35% para pretos, pardos e índios. Os dois primeiros são considerad­os apenas pela autodeclar­ação. Os índios precisam também de um aval da Fundação Nacional do Índio (Funai). A universida­de foi a primeira entre as instituiçõ­es públicas paulistas a ter um sistema de cotas.

Federais. Em janeiro, o Estado revelou que ao menos um terço das 63 universida­des federais do País já investigou a matrícula de alunos por suspeita de terem fraudado o sistema de cota raciais. A maior parte das denúncias vem de movimentos negros. Em abril, o Ministério do Planejamen­to publicou norma que prevê que candidatos de qualquer concurso público federal que se autodeclar­arem negros terão de passar obrigatori­amente por uma comissão visual para confirmar a etnia.

 ?? DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO ?? Vivência em classe. Estágio é oportunida­de do docente ficar no lugar do aluno, conta a professora de História Julia Correa
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Vivência em classe. Estágio é oportunida­de do docente ficar no lugar do aluno, conta a professora de História Julia Correa

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil