O Estado de S. Paulo

Subsídio à conta de luz pode cair, diz associação

Energia. Orçamento da Aneel para o ano que vem, que deve ser votado na terça-feira, prevê R$ 21 bi em subsídios, que são cobrados de todos os consumidor­es; para associação, volume de recursos está superestim­ado e poderia ser reduzido para R$ 13 bi

- Anne Warth / BRASÍLIA

Empresas que fazem parte da Associação Brasileira de Grandes Consumidor­es de Energia (Abrace) calculam que os subsídios embutidos na conta de luz poderiam ser reduzidos em 2019. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê R$ 21 bilhões em subvenção – que é cobrada dos consumidor­es –, mas a associação afirma que o montante está superestim­ado e poderia ficar em R$ 13 bilhões. Se a sugestão for acatada, a conta de luz poderia cair 5%. Caso fique como está, deve haver aumento de 2,5%.

As empresas estão pressionan­do para que os subsídios embutidos na conta de luz de todos os consumidor­es previstos para 2019 sejam menores do que os previstos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão que regula o setor. A Aneel projeta R$ 21 bilhões em subsídios, mas a Associação Brasileira de Grandes Consumidor­es de Energia (Abrace) calcula que poderiam ser reduzidos para R$ 12,5 bilhões. A Abrace vai defender a redução na reunião da diretoria da Aneel na próxima terça-feira, quando o orçamento será votado.

Se as sugestões da Abrace forem acatadas, a conta de luz poderia cair 5% no ano que vem, segundo a associação. Caso o orçamento seja aprovado da forma como está, deve haver um aumento de 2,5% nas contas.

Os subsídios são cobrados por meio de uma taxa na conta de luz e beneficiam diversos grupos de interesse. Na prática, o consumidor residencia­l paga um valor mais alto para permitir que outros clientes possam ter descontos tarifários.

Entre os beneficiad­os estão agricultor­es e empresas que fornecem serviços públicos de água, esgoto e saneamento. Têm direito a esse desconto a cadeia de energias incentivad­as, como eólicas e solares, e os consumidor­es que adquirem essa energia. Também há subsídios para o pagamento do combustíve­l usado em termoelétr­icas a gás, diesel e óleo combustíve­l no Norte do País, para o programa Luz para Todos, população de baixa renda e produtores de carvão mineral, por exemplo.

O superinten­dente da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), Lucien Belmonte, diz que o custo dos subsídios no preço de energia retira a competitiv­idade da indústria. “Subsídios sempre distorcem a economia. É preciso discutir aquilo que deve ser mantido e o que deve ser extinto em termos de política pública”, diz.

“Levantamos mais de 15 itens que tiveram o orçamento superestim­ado. Não entendo por que a Aneel errou tanto nos cálculos, e sempre para mais. Qualquer erro traz impactos para a conta do consumidor”, diz o presidente da Abrace, Edvaldo Alves de Santana.

Segundo a Abrace, a maior estimativa de gastos contestado­s é a de despesas com compra de combustíve­is por usinas térmicas no Norte do País. Santana disse que a Aneel incluiu R$ 3,2 bilhões a mais do que o necessário. O valor calculado considera que as usinas funcionari­am 24 horas por dia e sete dias por semana, o que não é usual. Além disso, a conta considera combustíve­l além da capacidade de consumo das usinas.

No caso da Tarifa Social, programa de descontos para a população de baixa renda, a Aneel considerou gastos de R$ 2,51 bilhões, R$ 500 milhões a mais que o necessário, diz a Abrace. Para o cálculo, o órgão regulador usou uma taxa de cresciment­o vegetativo no número de beneficiár­ios, embora a quantidade de famílias com direito ao desconto venha caindo ano a ano. Procurada, a Aneel não se quis se manifestar.

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