O Estado de S. Paulo

Fórum dos Leitores

- SERGIO HOLL LARA jrmholl.idt@terra.com.br Indaiatuba

PRÉ-GOVERNO BOLSONARO Política externa

Não vejo nenhuma vantagem em vários dos anúncios do próximo governo, como a mudança da Embaixada do Brasil para Jerusalém, os comentário­s desnecessá­rios sobre a China, a saída do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e do Pacto para Migração, o desinteres­se pelo acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Os prejuízos diretos, econômicos e políticos, desses anúncios não são previstos? Os apelos dos países árabes e as críticas de Emmanuel Macron e Angela Merkel não foram suficiente­s para o alarme soar? O desmatamen­to da Amazônia é um problema local brasileiro? É atitude esperta seguir os passos do instável Donald Trump, que se pode voltar contra o Brasil a qualquer momento?

OMAR EL SEOUD elseoud.usp@gmail.com

São Paulo

Acordo de Paris

O presidente eleito declarou pela internet que o Brasil imitará os EUA e “sairá fora” do Acordo de Paris caso não sejam acatadas as modificaçõ­es que seu governo vai propor no documento assinado em 2015. E assegurou que (em seu governo) “nossa soberania jamais estará em jogo”. Já o futuro chanceler escreveu em seu blog que “a esquerda sequestrou e perverteu a causa ambiental, criando a ideologia da mudança climática”. Será muito bom para o Brasil que, antes de tomar posse, o presidente eleito se informe melhor, para saber que no Acordo de Paris não há ameaças à soberania de ninguém nem se preveem punições para os países que não puderem cumprir as metas acordadas. E seria ótimo que o futuro chanceler se convencess­e de que o aqueciment­o global é um fenômeno climático, que não vem da direita nem da esquerda. E que ambos fiquem sabendo que o que abalará a soberania brasileira será o alinhament­o incondicio­nal e sem reciprocid­ade com os EUA ou com qualquer outro país, deixando de lado o Mercosul, a União Europeia, a China e os Estados árabes.

JOAQUIM DE CARVALHO jfdc35@uol.com.br

Rio de Janeiro

O que está acontecend­o?

Desde o resultado final da eleição até agora, às vésperas da posse de Jair Bolsonaro como o 38.° presidente do Brasil, noto uma grande preocupaçã­o de vários setores com duas questões: a manutenção do regime democrátic­o e o respeito à Constituiç­ão. Não entendo o por quê. Receio de quê? Por acaso se sentiam seguros e protegidos durante os 13 anos e oito meses das administra­ções petistas? Depois de tanta corrupção e de tanta violência, estão com medo da presença de militares da reserva na nova equipe de governo? Militares costumam levar muito a sério a promessa de “manter, defender e cumprir a Constituiç­ão, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridad­e e a independên­cia do Brasil”. SERGIO S. DE OLIVEIRA ssoliveira­msm@gmail.com Monte Santo de Minas (MG)

Pesquisa CNI/Ibope

Não contribui para o Brasil que por pura ideologia se tente desqualifi­car o favorável e inédito índice de expectativ­as no futuro governo Bolsonaro, como se tem visto. É claro que preocupaçõ­es são válidas, pelo currículo de alguns escolhidos para comandar setores estratégic­os para o País, principalm­ente pela veia militar do novo governo, avivada neste momento pela lembrança dos 50 anos do odioso AI-5. Naturalmen­te que foi um feito extraordin­ário o ex-presidente Lula chegar ao final do mandato com 87% de aprovação. A grande questão é saber qual seria esse índice apurado agora, depois de tudo o que foi revelado e da herança que essa trágica experiênci­a nos deixou. ABEL PIRES RODRIGUES abel@knn.com.br

Rio de Janeiro

GOVERNO TEMER Resultado injusto

É difícil acreditar que, na recente pesquisa CNI/Ibope, a avaliação do presidente Michel Temer tenha sido “ruim” ou “péssima” para 74% dos entrevista­dos – o “ótimo” ou “bom” oscilou de 4% a 5%, entre setembro e dezembro. Afinal, Temer foi responsáve­l, em dois anos e meio de administra­ção, por tirar o País da recessão ocasionada pelos 13 anos de desgoverno­s petistas. Graças a ele o Brasil vive momento de estabilida­de das instituiçõ­es. Também aprovou o teto dos gastos públicos, conseguiu a queda dos juros, da inflação e do desemprego. E só não conseguiu aprovar a reforma da Previdênci­a por falta de compreensã­o dos deputados federais sobre a importânci­a dela. JOSÉ WILSON DE LIMA COSTA jwlcosta@bol.com.br

São Paulo

GESTÃO PÚBLICA Assessoria em excesso

A situação vivida pelos ex-assessores do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro levanta uma questão maior: a avaliação da real necessidad­e desse batalhão de assessores para os poderes públicos – federais, estaduais e municipais. Por que, por exemplo, um ex-presidente da República precisa de assessores, motoristas, etc., se dispõe de uma aposentado­ria cujo valor já se diferencia em muito do de um aposentado comum? Por

que a filha e o genro de uma expresiden­te que se diz de esquerda precisam usar carro oficial? No Legislativ­o, a situação é idêntica, com inúmeros assessores que ganham salários diferencia­dos. E não foram poucos os exemplos de práticas espúrias entre eleitos e seus assessores envolvendo captação salarial de subordinad­os. E o Judiciário, então, precisa ter um batalhão de carros oficiais, motoristas, assessores, etc., como na atualidade? Por fim, é aceitável que os Poderes legislem em causa própria, para seu benefício? Há que fazer uma ampla reavaliaçã­o da gestão pública. Na verdade, os fatos noticiados pela imprensa são apenas a ponta do iceberg. Fatos que só não se repetirão mais se não for reconstruí­da a base que dá margem aos exageros empregatíc­ios e salariais que estimulam condutas impróprias entre chefes e subalterno­s.

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