O Estado de S. Paulo

Sampaoli vai encontrar clube instável

Trocas de diretores e disputas internas criaram problemas no time da Vila, que se reúne hoje com técnico argentino

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O técnico Jorge Sampaoli desembarca hoje em São Paulo para acertar os últimos detalhes e, se não houver nenhuma surpresa, assinar contrato de dois anos com o Santos. O treinador chega com três grandes desafios: recuperar o prestígio perdido após um trabalho decepciona­nte na seleção argentina, adaptar-se ao futebol do Brasil, onde nunca trabalhou antes, e superar a instabilid­ade política do clube de São Paulo.

Campeão da Copa América com o Chile em 2015 com estilo intenso que ainda é referência entre as seleções sul-americanas, o treinador de 58 anos chegou ao comando da Argentina depois de um trabalho de razoável para bom no Sevilla. Ele chegou em alta, como a solução para um time capenga e que dependia sobremanei­ra de Messi.

Pouca coisa mudou com Sampaoli. O treinador passou de unanimidad­e a decepção em pouco mais de um ano. O time jogou bem em poucos momentos (as grandes atuações foram diante do Equador na última rodada das Eliminatór­ias SulAmerica­nas e o segundo tempo do jogo com a Nigéria na fase de grupos da Copa da Rússia). Assim, Sampaoli tenta se recolocar no mercado internacio­nal.

O treinador precisa se adaptar rapidament­e ao futebol brasileiro. Os jogadores argentinos reclamavam de algumas invenções do técnico na Copa e que queriam algo simples. Ele tem de encaixar seus esquemas táticos elaborados na realidade brasileira e principalm­ente no limitado elenco santista.

Além disso, terá de conviver com a pressão por resultados imediatos. Pessoas próximas ao treinador revelam que ele está feliz com a possibilid­ade de trabalhar no Brasil e admira a história futebolíst­ica do País.

Outro grande desafio de Sampaoli é blindar seu trabalho da instabilid­ade política do Santos. O ano de 2018, o primeiro da gestão José Carlos Peres, foi uma coleção de polêmicas. Em uma delas, ele sofreu processo de impeachmen­t apoiado pelo vice, Orlando Rollo. Em votação de sócios, Peres escapou.

Foram vários atritos entre o próprio Peres e o técnico Cuca, que deixou o cargo no fim do ano para ser submetido a uma cirurgia cardíaca. Além disso, foram quatro diretores de futebol no ano (Gustavo Vieira de Oliveira, William Machado, Ricardo Gomes e agora o ex-volante Renato). Nenhum ficou mais de três meses no cargo.

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CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS-30/6/2018 Primeira vez. Treinador nunca dirigiu times brasileiro­s

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