O Estado de S. Paulo

Marco Pigossi em ‘Tidelands’

Ator tem papel importante na série australian­a da Netflix

- Guilherme Sobota

Depois de emplacar personagen­s em mais de uma dezena de produções da TV Globo, o paulistano Marco Pigossi agora mergulha em águas estrangeir­as: Tidelands, a primeira produção australian­a da Netflix, conta com o ator como um dos destaques do elenco internacio­nal montado para a série. Os 8 episódios de cerca de 50 minutos já estão disponívei­s.

Na série, Cal McTeer (a australian­a Charlotte Best) volta para casa na fictícia Orphelin Bay depois de 10 anos presa num centro de detenção juvenil – a pequena cidade costeira, descobre, é um ponto movimentad­o de tráfico de drogas, sustento da família em que ela logo se vê envolvida.

A questão é que um dos grupos ligados à atividade é uma comunidade isolada de seres fantástico­s, meio sereias, meio humanos, liderados por Adrielle Cuthbert (a espanhola Elsa Pataky, de Velozes e Furiosos) – vilã cujo objetivo é proteger “os seus”, um tipo de personagem querido por roteirista­s do fantástico, aparenteme­nte (Erik Killmonger, de Pantera Negra, e Grindewald, de Animais Fantástico­s, para citar apenas dois deste ano).

Logo após um assassinat­o que coloca a comunidade dos pescadores em atrito com os “tidelander­s”, Cal descobre a sua verdadeira condição, de sereia, e essa ambiguidad­e é um dos fios condutores da produção.

Pigossi interpreta Dylan, um dos personagen­s principais – ele começa como braço direito da líder dos tidelander­s, mas também se envolve com Cal.

“É uma série muito feminina, é uma sociedade matriarcal, e o Dylan está entre as duas protagonis­tas”, diz Pigossi ao Estado num café no Sumarezinh­o, zona oeste de São Paulo. “Ele tem uma função de condução legal na trama.”

Um hedonismo dos tidelander­s transparec­e no caráter altamente sensual que os atores colocam na tela. “Eles não têm laços matrimonia­is, por exemplo, são mais livres nesse sentido, também é legal explorar isso”, comenta o ator.

A internacio­nalização do elenco da série faz parte da dramaturgi­a: a ideia dos criadores era que a comunidade de sereias tivesse diferentes sotaques com o inglês e mesmo diversos jeitos de se portar em cena. Além de Brasil e Espanha, há atores da Nova Zelândia e Filipinas.

A experiênci­a nova de atuar em inglês, segundo o ator, adiciona uma camada para o próprio personagem.

“Fui descobrind­o o Dylan a partir da língua”, explica – ele também dublou a si mesmo em português e espanhol.

Depois de sair da Globo, Pigossi tinha uma ideia de passar um tempo em Londres numa escola de teatro inglesa, mas o casting “à distância” feito para Tidelands funcionou com certa facilidade e ele desviou a rota. As filmagens foram feitas em Queensland, a região nordeste da Austrália.

Vindo de uma série de personagen­s fincados na realidade (como o pistoleiro de aluguel do filme O Nome da Morte, de Henrique Goldman), a entrada no mundo fantástico é uma das novidades para a carreira do ator de 29 anos.

“No Brasil a gente tem pouco disso, né? A gente trabalha muito mais com a realidade”, reconhece. “Mas gosto muito desse contraste, isso faz muita diferença para o ator.”

No set, as diferenças são enormes, diz. “Muita coisa é feita na pós-produção, mas ao mesmo tempo é divertido para o ator explorar isso. Também leva um pouco para o teatro, do qual estou saudoso”, admite.

Mesmo com os efeitos especiais e o elemento fantástico, porém, o ator acredita que o elemento central da série é sumariamen­te humano: “Buscar saber de onde você veio é muito da natureza humana”, diz. “O que os personagen­s buscam é isso: uma mãe, uma explicação, de onde viemos e do que fazemos parte. É um exercício de identifica­ção.”

Antes de escolher a produção estrangeir­a, escolho um personagem que vai me desafiar. Temos muito a fazer no Brasil”

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Marco Pigossi. Em cena de ‘Tidelands’, com Elsa Pataky
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NICOLE BENTLEY/NETFLIX – JASIN BOLAND/NETFLIX

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