O Estado de S. Paulo

Série da Globo dá protagonis­mo ao ativismo ambiental

‘Aruanas’, prevista para 2019, terá quatro personagen­s principais femininas e vilã vivida por Camila Pitanga

- Pedro Rocha

Uma das próximas séries da Globo, prevista para ir ao ar em 2019 exclusivam­ente no serviço de streaming Globoplay, vai dar um protagonis­mo inédito na TV ao ativismo ambiental. Aruanas, produzida em parceria com a Maria Farinha Filmes, se passa na Amazônia e vai contar a história de uma ONG de proteção ao meio ambiente.

O que chama a atenção, também, na série é o elenco principal exclusivam­ente feminino, com quatro protagonis­tas, vividas por Leandra Leal, Débora Falabella, Taís Araújo e Thainá Duarte, além de uma vilã interpreta­da por Camila Pitanga. A direção artística é de Carlos Manga Jr.

Estela Renner e Marcos Nisti, da Maria Farinha Filmes, tiveram a ideia de criar a série em 2010. Os dois trabalhara­m também no roteiro, junto com a equipe da Globo. Para eles, que sempre tiveram simpatia pela causa ambiental, o assunto é urgente e Aruanas o trata de uma forma inédita. A série foi apresentad­a pela primeira vez durante a Comic Con Experience, em São Paulo. Antes do evento, criadores e elenco conversara­m com o Estado sobre a produção.

“A ideia vem do lugar em que a nossa produtora já existia, que é o ativismo”, afirma Marcos. “Temos desenvolvi­do projetos para falar com mais pessoas. A ideia dessa série é falar sobre um dia a dia de ativismo que ainda não havíamos visto na TV.” Além de uma história que percorre toda a primeira temporada, os episódios vão ter histórias menores, com cada uma das protagonis­tas, que são inspiradas em manchetes de grandes jornais brasileiro­s sobre crimes ambientais, desmatamen­to e o risco que os ativistas correm.

A ONG Aruana, que está no centro da trama, foi fundada por três amigas que se conhecem desde a infância, a jornalista Talita (Falabella), a ativista Luisa (Leal) e a advogada Verônica (Araújo). Para ajudálas, entra em cena uma estagiária, vivida por Thainá. Segundo Estela, essas mulheres serão mostradas de uma forma realista. “São mulheres fortes, mas heroínas muito humanas, com seus defeitos.”

Na trama, a ONG recebe a denúncia de que uma mineradora está praticando uma atividade irregular. É onde entra Olga, personagem de Pitanga, uma espécie de lobista, que vai defender a empresa e ajudar o seu dono na tentativa de extinguir uma reserva ambiental, para expandir seu negócio também de forma legal. Para Camila, uma série estrelada por mulheres é uma vitória. “Considero esse protagonis­mo uma conquista de todas as mulheres”, afirma a atriz. “Acho que a série é muito feliz em mostrar mulheres de diferentes áreas se colocando à disposição na luta pela preservaçã­o da Amazônia. As mulheres acordam lutando. Por si, por suas crias, amigos, família. É justo ver isso retratado.”

Mesmo vivendo uma vilã, ela acredita que a sua personagem também é importante nesse espaço. “Embora minha personagem seja alheia a esses valores, ela também é porta-voz de ideias e liderança. Olga defende o capital acima de qualquer coisa, não tem escrúpulos.” A atriz considera a personagem um grande desafio. “Dar voz a tudo que eu não acredito, como a ambição acima de tudo e todos, com o dinheiro na frente do humano, está sendo um senhor desafio”, afirma. “Estou sendo a filha que meu pai não gostaria de ter.”

Camila entrou em contato com esse mundo a partir de entrevista­s feitas com pessoas da área na vida real. Já suas colegas conviveram com ativistas e chegaram a fazer um curso com o Greenpeace, instituiçã­o que se tornou parceira da equipe na fase de produção. Estela Renner e a atriz Leandra Leal, inclusive, foram nomeadas conselheir­as do Greenpeace. “Sempre fui ativista e, ao longo da minha vida, conheci pessoas que foram muito importante­s na minha formação, ativistas e políticos que renovaram a minha coragem e a esperança de lutar”, diz Leandra.

A figura dos jornalista­s, que também trabalham na cobertura da questão ambiental, também aparece, por meio da personagem de Débora Falabella. “Como eu faço uma jornalista, a gente conseguiu reunir várias delas que tratam de questões ambientais”, lembra. “Fiz um encontro com elas e até hoje trocamos informaçõe­s.”

Durante quase sete semanas, este ano, toda a equipe viajou para o Amazonas para gravar a série. Para Leandra, foi uma experiênci­a inesquecív­el. “Foi lindo, intenso, regenerado­r, é impossível não se impactar e transforma­r pela força daquele lugar.” Thainá Duarte concorda. “Estar em contato com tamanha biodiversi­dade, dentro do nosso País, só faz crescer um sentimento de proteção e zelo, nos fez compreende­r a importânci­a de se falar sobre a conservaçã­o da Amazônia.”

Taís Araújo acredita que as pessoas precisam despertar para a questão. “O conteúdo da série é muito relevante, ainda mais no tempo em que estamos vivendo”, opina. “A gente fala de Amazônia e isso diz respeito a todo ser vivo que respira nesse planeta. As pessoas precisam entender que todos fazem parte e são responsáve­is pela Amazônia, seja pelo fim ou pelo renascimen­to dela.”

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FÁBIO ROCHA/GLOBO Taís Araújo. A atriz como a advogada Verônica: “Todos são responsáve­is pela Amazônia”

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