O Estado de S. Paulo

Opala Diplomata 1992 é homenagem póstuma

O vendedor Uilian Luz fez questão de comprar um sedã da Chevrolet idêntico ao que seu tio possuía

- Thiago Lasco

FOI UM ACHADO. ELE TINHA APENAS 57 MIL KM RODADOS E ALGUMAS MARCAS DO TEMPO, MAS ESTAVA COM A MECÂNICA ‘ZERADA’ E PERFEITINH­O POR DENTRO. Uilian Luz VENDEDOR

O vendedor Uilian Luz tinha só nove anos de idade quando o Opala Diplomata SE que ele acaba de adquirir foi fabricado. Aos seus olhos de criança, o Chevrolet era apenas o carro oficial que transporta­va os presidente­s do País.

A influência que o fez se interessar pelo Chevrolet, muito tempo depois, não partiu de alguma autoridade de primeiro escalão, mas de dentro de sua família. Em 2001, seu tio comprou um Diplomata 1990 e, a partir daí, o vendedor começou a ter contato mais próximo com o sedã.

Na época, Luz tinha 25 anos e guiava um Volkswagen Voyage. O tio sugeriu que trocassem os carros por algum tempo, para que o sobrinho pudesse conhecer o Chevrolet com calma. Três dias depois, porém, o jovem achou melhor devolvê-lo.

“Eu não quis ficar com o Opala porque tive medo de mim mesmo, um moleque com um seis-cilindros na mão. Concluí que ainda não era hora de ter um modelo com desempenho tão agressivo”, ele explica. “Mas a partir desse momento, passei a curtir o carro.”

A decisão de colocar um Diplomata na garagem veio após a morte do tio. Luz concluiu que ter um modelo idêntico seria uma espécie de homenagem póstuma ao parente querido. A busca pelo carro ideal levou menos de quatro meses.

“Numa segunda-feira, fui ver um modelo 1991, mas estava muito judiado. No dia seguinte, resolvi ir ao Sambódromo do Anhembi e ali encontrei o meu carro”, conta o vendedor. “Foi um achado. Ele tinha 57 mil km rodados e algumas marcas do tempo, mas estava com a mecânica ‘zerada’ e perfeitinh­o por dentro”, afirma.

Depois de permanecer com o mesmo proprietár­io por cerca de duas décadas, o sedã da Chevrolet teve outro dono que o restaurou antes de revendê-lo a Luz. Mesmo assim, ainda havia alguns reparos pendentes.

“Sempre surge alguma coisinha, como um vazamento de fluido de freio, as buchas ressecadas da suspensão ou o ar-condiciona­do quebrado. Eu procuro tutoriais em vídeo na internet, aprendo a resolver e faço os reparos sozinho. É minha terapia”, diz o vendedor.

Serenidade.

Se em outros tempos Luz se impression­ou com o motorzão do Opala, hoje a maturidade o leva a uma tocada bem mansa. “Não comprei o sedã para acelerar forte, mas sim para passear com a família”, ele explica. “O meu outro antigo, um Chevette, é apertado para levar minha filha de um ano e meio na cadeirinha.”

A bordo do Diplomata, a família tem a perspectiv­a de boas viagens pela frente. Luz é fã da Chapada Diamantina, na Bahia, e quer levar a esposa para conhecer a região do parque nacional no ano que vem. Isso com todo o conforto possível. “Opala é Opala, né. É um carro fora de série, muito macio”, elogia.

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FOTOS: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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Conforto. Difusores de ar para os passageiro­s do banco de trás eram incomuns
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Longevo. Painel foi reformulad­o em 1980 e quase não mudou até o fim do sedã
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