Tuma vai presidir Câmara Municipal
Vereador do PSDB foi eleito por 51 dos 55 parlamentares; agenda do próximo ano inclui revisão da lei de zoneamento e venda de Interlagos
Os vereadores de São Paulo elegeram Eduardo Tuma (PSDB) como novo presidente da Câmara Municipal, ontem, com votos de 51 dos 55 parlamentares. Atual vicepresidente da Casa, o tucano assume mandato de um ano, com possibilidade de reeleição. Só não teve votos do vereador Fernando Holiday (DEM), que se lançou candidato para marcar a posição de seu grupo, o Movimento Brasil Livre (MBL), e da bancada do PSOL – os dois vereadores faltaram à sessão. Houve ainda uma abstenção.
Tuma, que assume em janeiro, deve conduzir a Câmara em um ano em que serão discutidos projetos que irão mexer com o patrimônio pessoal dos cidadãos, movimentando milhões. Em 2019, está prevista a votação da revisão da Lei de Zoneamento, que pode alterar as possibilidades de uso de terrenos e imóveis da cidade e, consequentemente, seus preços.
O tucano deve lidar também com uma discussão para anistiar imóveis construídos ou ocupados em desacordo com o zoneamento. E ainda com a venda do Autódromo de Interlagos, aliada a uma operação urbana para a região do seu entorno – a Operação Urbana Jurubatuba.
Por outro lado, Tuma assume na expectativa de não ter de lidar com a reforma da Previdência Municipal – projeto que o Executivo não conseguiu aprovar em março –, uma vez que a Câmara deve funcionar até o próximo dia 28 para aprovar o projeto ainda neste ano.
A eleição de Tuma foi costurada de forma a manter a prática na Casa de distribuir os cargos da mesa diretora conforme o tamanho das bancadas. O PT, de oposição, por exemplo, ficará com a 1.ª secretaria, que cuida da administração do prédio. O atual presidente, Milton Leite (DEM), fará parte da composição da mesa em uma troca de cadeiras com Tuma. Passará a ser o vice-presidente.
‘Anticandidatura.’
O processo se deu com as galerias da Câmara ocupadas por membros do MBL, que levaram faixas pedindo o “fim do TCM (Tribunal de Contas do Município)” e o “fim das mordomias”. Chegaram a interromper os discursos e foram cercados por guardas civis metropolitanos. Atacaram Tuma e PT: “A gente sabe, o PT tá com Tuma e não abre”.
Em seu discurso, Holiday teve de falar para seu público, mas sem se indispor nem com Leite – que é de seu partido e uma espécie de seu padrinho na Câmara –, nem com Tuma, de quem é próximo. Ele evitou os ataques diretos. “Minha candidatura é uma anticandidatura” que não estava “contra as pessoas”, mas contra “os meios”, disse. Holiday tampouco ligou Tuma ao PT, como fez o MBL. “O incômodo era previsto”, disse ao Estado, “mas temos projetos juntos (com Tuma) e acredito que ele não deixará de pautar propostas polêmicas.”
Já Tuma defendeu sua candidatura apontando propostas que deve tocar, como publicar as sessões da Câmara no Youtube e Instagram. Disse que iria “modernizar” o parlamento e melhorar sua comunicação.
Após a eleição de Tuma, quando o nome de Leite foi apresentado sem adversários para a vice-presidência, Mário Covas Neto (Podemos), desafeto de Leite, pediu a palavra para lançar a candidatura de Holiday para o cargo. O vereador do MBL, porém, declinou da disputa.