‘Ainda estamos na fase da expectativa, mas ela é muito forte’
Embora os bancos estejam elevando suas expectativas de crescimento para o ano que vem – o Bradesco elevou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) para 2,8%, enquanto o Itaú Unibanco reajustou sua perspectiva para 2,5% –, no que se refere ao fechamento de negócios entre empresas a situação ainda está mais para expectativa do que para o concreto acerto de acordos bilionários, afirma o advogado Marcos Flesch, sócio do escritório Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados.
Embora ressalte que, depois da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência o humor dos empresários tenha melhorado – especialmente entre os investidores do mercado interno –, Flesch afirma que a continuidade desse otimismo dependerá do que acontecer no primeiro semestre de 2019. Para sustentar a onda positiva o governo terá de provar ser capaz de reunir capital político para aprovar a reforma da Previdência.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
A eleição de Jair Bolsonaro já se reflete em destravamento dos negócios?
À medida que o tempo passa e o governo mostra seu direcionamento econômico e revela a equipe, a percepção positiva se solidifica e as conversas ficam mais intensas. Mas isso ainda não se traduziu em negócios fechados. Vimos algumas coisas andarem no mercado imobiliário e existe propensão maior a se fazer acordos. Mas esse ânimo todo ainda não se materializou. Ainda estamos na fase da expectativa, mas ela é muito forte. semestre de 2019 vai ser vital para a economia?
Sim. O governo precisa mostrar disposição de fazer as reformas estruturais – e, nesse sentido, o principal símbolo é a da Previdência. Também precisamos preservar o cenário de estabilidade institucional, isto é, respeito entre os poderes, sem rupturas políticas relevantes. Esse tipo de mudança não é esperada, mas uma eventual instabilidade institucional seria nociva para os negócios.
O investidor internacional já está mais atento para o Brasil?
Acredito que, em um primeiro momento, o investidor local está mais preparado para o investimento no Brasil. O investidor local já precificou melhor o cenário.
Nos últimos anos, aquisições ficaram concentradas em setores considerados de “proteção”, como saúde e educação. Isso pode mudar?
O cardápio poderá ser mais variado e algumas incertezas poderão ser destravadas adiante, abrindo o mercado para outras indústrias.