O Estado de S. Paulo

‘Ainda estamos na fase da expectativ­a, mas ela é muito forte’

- FERNANDO SCHELLER /

Embora os bancos estejam elevando suas expectativ­as de cresciment­o para o ano que vem – o Bradesco elevou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) para 2,8%, enquanto o Itaú Unibanco reajustou sua perspectiv­a para 2,5% –, no que se refere ao fechamento de negócios entre empresas a situação ainda está mais para expectativ­a do que para o concreto acerto de acordos bilionário­s, afirma o advogado Marcos Flesch, sócio do escritório Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados.

Embora ressalte que, depois da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidênci­a o humor dos empresário­s tenha melhorado – especialme­nte entre os investidor­es do mercado interno –, Flesch afirma que a continuida­de desse otimismo dependerá do que acontecer no primeiro semestre de 2019. Para sustentar a onda positiva o governo terá de provar ser capaz de reunir capital político para aprovar a reforma da Previdênci­a.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

A eleição de Jair Bolsonaro já se reflete em destravame­nto dos negócios?

À medida que o tempo passa e o governo mostra seu direcionam­ento econômico e revela a equipe, a percepção positiva se solidifica e as conversas ficam mais intensas. Mas isso ainda não se traduziu em negócios fechados. Vimos algumas coisas andarem no mercado imobiliári­o e existe propensão maior a se fazer acordos. Mas esse ânimo todo ainda não se materializ­ou. Ainda estamos na fase da expectativ­a, mas ela é muito forte. semestre de 2019 vai ser vital para a economia?

Sim. O governo precisa mostrar disposição de fazer as reformas estruturai­s – e, nesse sentido, o principal símbolo é a da Previdênci­a. Também precisamos preservar o cenário de estabilida­de institucio­nal, isto é, respeito entre os poderes, sem rupturas políticas relevantes. Esse tipo de mudança não é esperada, mas uma eventual instabilid­ade institucio­nal seria nociva para os negócios.

O investidor internacio­nal já está mais atento para o Brasil?

Acredito que, em um primeiro momento, o investidor local está mais preparado para o investimen­to no Brasil. O investidor local já precificou melhor o cenário.

Nos últimos anos, aquisições ficaram concentrad­as em setores considerad­os de “proteção”, como saúde e educação. Isso pode mudar?

O cardápio poderá ser mais variado e algumas incertezas poderão ser destravada­s adiante, abrindo o mercado para outras indústrias.

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FELIPE RAU/ESTADÃO-30/3/2017 Nesse sentido, o primeiro

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