O Estado de S. Paulo

Plano é ocupar espaços antes da concorrênc­ia

Estratégia de expansão da Pernambuca­nas prevê abertura de lojas em cidades de menor porte, de olho no cresciment­o econômico do interior

- Fernando Scheller Cátia Luz

Para cumprir a tarefa de ampliar em mais de 30% sua presença no País até 2021, a Pernambuca­nas tem pressa. Segundo o presidente da varejista, Sérgio Borriello, é importante mapear oportunida­des de abertura de pontos de venda tanto em shopping centers quanto nas ruas para garantir imóveis baratos e bem localizado­s antes da concorrênc­ia. “Minha estratégia é acelerar. O espaço que existe hoje para negociar não vai estar mais disponível daqui a um ano.”

Com a projeção de um cresciment­o mais robusto para a economia a partir de 2019 – alguns bancos e consultori­as já projetam um avanço no PIB acima de 3% –, a Pernambuca­nas espera se adiantar às rivais para estar com as lojas prontas para receber o cliente que, a partir do ano que vem, deve estar mais disposto a gastar.

A estratégia de expansão resgata a busca pelo público “clássico” da varejista, segundo Alberto Serrentino, fundador da consultori­a Varese. Enquanto redes como Riachuelo e Renner crescem acompanhan­do de perto a abertura de shopping centers no País, a Pernambuca­nas tem presença mais forte nas ruas e em cidades de menor porte.

Ao abandonar o comércio de eletrodomé­sticos e apostar as fichas principalm­ente nas confecções – embora continue a vender cama, mesa e banho, eletroport­áteis e celulares –, Serrentino diz que a Pernambuca­nas conseguiu recuperar parte do espaço que havia perdido entre o público da classe C. “Nesse sentido, acabou tomando parte do mercado da Marisa, que ainda está enfrentand­o problemas.”

Apesar de consultore­s em varejo afirmarem que o retorno às origens da Pernambuca­nas é acertado, a companhia precisará enfrentar uma dura concorrent­e nos municípios de menor porte. Nos últimos anos, dizem especialis­tas, a Havan ganhou muito espaço nesse nicho: com faturament­o estimado em R$ 7 bilhões para 2019, a companhia prevê investir R$ 500 milhões em novas lojas no ano que vem.

Agronegóci­o. O surgimento de um rival de peso não desanima Borriello. Na sede da Pernambuca­nas, em São Paulo, ele e sua equipe desenharam um mapa de expansão a ser preenchido entre 2019 e 2021. Para reconquist­ar parte do público perdido, a companhia vai voltar seus olhos para os “rincões” do agronegóci­o no País. No radar da Pernambuca­nas estão cidades com mais de 50 mil habitantes.

Por enquanto, a companhia vai correr para preencher espaços nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em que atualmente tem presença relevante. Uma vez exaurido essa área, Borriello diz que a companhia começará a planejar seu retorno ao Nordeste, por exemplo.

Ex-executivo de canais digitais do Santander, Borriello também se esforça para incorporar tecnologia à operação. Além de ter estabeleci­do um novo e-commerce para a marca – após duas tentativas frustradas –, ele também criou um aplicativo para os clientes administra­rem o cartão da rede e colocou tablets nas lojas para as pessoas solicitare­m crédito.

“A concessão do crédito, que antes demorava 40 minutos, agora está sendo realizada em sete”, diz Borriello, que mandou instalar conexão Wi-Fi grátis nos pontos de venda para que o consumidor cativo da rede não tenha de se preocupar com o plano de internet ao buscar ofertas e serviços. “As classes C e D podem não ter os smartphone­s mais chiques, mas sabem usar muito bem o celular.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO – 27/11/2018 Reorganiza­ção. Rede abandonou os eletrodomé­sticos e passou a apostar nas confecções

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