O Estado de S. Paulo

Aplicar em previdênci­a até dia 31 garante benefício no IR

Quem investe em PGBL pode deduzir até 12% da renda no ano seguinte; modalidade, porém, não compensa para todos

- Anna Carolina Papp

Já de olho no Leão, muitos investidor­es aproveitam o fim do ano para investir em previdênci­a privada e garantir benefícios fiscais. A estratégia é fazer aportes em um PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) para obter dedução no Imposto de Renda (IR) do ano seguinte – no caso, em 2019. Especialis­tas alertam, porém, que essa jogada pode não compensar em todos os casos. É preciso levar em conta a renda do investidor, seus objetivos e também o tipo de declaração de IR a ser feita.

A aplicação em um plano PGBL permite abater até 12% da renda tributável, reduzindo o valor do imposto. “É uma ferramenta de planejamen­to tributário, pois posterga o pagamento do imposto”, diz a planejador­a financeira Annalisa Blando Dal Zotto, planejador­a financeira certificad­a pela Planejar. Porém, a conta chega mais à frente: ao resgatar os recursos no futuro, o IR irá incidir sobre o total resgatado. Já no plano VGBL (Vida Garantidor de Benefício Livre), a tributação incide apenas sobre o rendimento no período.

Por isso, o PGBL é mais indicado para quem faz a declaração de IR no modelo completo. “Ele é uma ótima opção para quem tem uma renda mais elevada – a partir de R$ 100 mil anuais, por exemplo – ou então muitos gastos para abatimento, como despesas médicas”, diz Annalisa.

Para a planejador­a, investidor­es com renda menor que não tiverem despesas dedutíveis devem optar pelo modelo simplifica­do de declaração – logo, o VGBL seria mais indicado. “Na simplifica­da, a Receita já considera uma dedução de 20%. Para ver qual modelo de declaração é mais vantajoso, basta fazer uma simulação no site da Receita”, diz. Outra dica, aponta ela, é não aplicar no PGBL acima de 12% da renda – pois o valor extra não poderá ser abatido.

Para ajudar investidor­es a tomar a melhor decisão, o BTG Pactual desenvolve­u um simulador de previdênci­a. Com um questionár­io sobre objetivos, renda gastos com saúde e educação e prazo desejado, a plataforma não só mostra se o usuário deve optar por PGBL ou VGBL, mas até se não deveria considerar outro tipo de aplicação. “Não adianta investir em previdênci­a para resgatar daqui a seis meses ou mesmo dois anos. Esse dinheiro não pode ser de curto prazo”, explica o sócio do banco responsáve­l pelo BTG Pactual digital e BTG Pactual Vida e Previdênci­a, Marcelo Flora.

Pela tabela regressiva, num resgate em até dois anos, paga-se 35% de imposto – sendo a alíquota mínima de 10%, acima de dez anos. “O investidor precisa ter primeiro a sua reserva de emergência para depois colocar de 5% a 20% da renda em previdênci­a”, diz. Há um mês, a instituiçã­o baixou a aplicação mínima do segmento de R$ 10 mil para R$ 1 mil.

Portabilid­ade. Além de escolher o tipo de plano, é preciso prestar atenção na taxa de administra­ção do fundo. Para especialis­tas, taxas de até 1% ao ano são considerad­as aceitáveis. Acima disso, só se a performanc­e for muito acima da média.

A busca por retornos melhores e taxas mais baixas fora do circuito dos grandes bancos e seguradora­s gerou um grande movimento de portabilid­ade neste ano, sobretudo para casas independen­tes. É o caso da novata Vitreo, gestora digital lançada no fim de outubro pela Vectis Partners. O fundo tem cotas de dez fundos do segmento com gestoras de calibre como Verde, Adam e Ibiuna. A taxa é de 0,6% ao ano sobre o patrimônio.

“Dos R$ 280 milhões sob gestão até agora, um fluxo grande é de portabilid­ade, pois é uma indústria que está se movimentan­do”, diz Patrick O’Grady, presidente da Vitreo. “O investidor percebeu que tinha produtos muitas vezes ruins e começou a procurar alternativ­as.”

Diante da maior concorrênc­ia, nos últimos meses, Itaú, Santander, Bradesco e BB zeraram as taxas de carregamen­to – pedágio que o investidor paga a cada vez que aporta no fundo ou faz um saque.

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