O Estado de S. Paulo

Investidor: não seja o seu maior inimigo

- PERGUNTE AO FÁBIO GALLO. SEUDINHEIR­O.ESTADO@ESTADAO.COM

O gerente da minha conta disse que era vantagem colocar meu dinheiro num plano PGBL no final de ano para poder ter redução do imposto de renda em 2019. Vale a pena?

Os planos de previdênci­a PGBL têm o benefício de redução de até 12% da receita anual e, assim, redução do imposto a pagar, mas isso não necessaria­mente cabe para todas as pessoas. Com certeza não vale a pena se você depositar em dezembro para sacar em 2019 porque, além de ter de pagar o imposto de renda, vai arcar com todos os custos do plano. Isso admitindo que a sua opção seja pelo regime fiscal progressiv­o, a mesma tabela da declaração anual de imposto. Os planos de previdênci­a têm como uma das vantagens o diferiment­o tributário. Em outros termos, nós somente pagamos imposto de renda no resgate ou quando passamos a receber os benefícios contratado­s no plano. Mas isso traz ganhos se eu ficar no plano por longo prazo. No caso de opção pelo regime regressivo de imposto, a tabela começa com 35% de alíquota para até dois anos de prazo de cada contribuiç­ão, caindo 5 pontos porcentuai­s a cada dois anos, e atinge a alíquota de 10% para as contribuiç­ões com mais de 10 anos. Fica claro que sair de um plano com esse regime no curto prazo tem custo altíssimo. Há outros aspectos do PGBL que devemos conhecer. O benefício fiscal anual de desconto de até 12% da receita bruta vale somente para quem utiliza o formulário completo da declaração de renda e seja contribuin­te do INSS. Caso você não se enquadre nas condições, não poderá ocorrer o desconto do imposto a pagar. Os planos de previdênci­a são interessan­tes quando temos como objetivo a aposentado­ria ou pensamos na sucessão.

Eu sou um investidor aplicado, mas este ano está muito difícil e mesmo diversific­ando a minha carteira, não estou tendo um bom desempenho. Quais são as dicas você pode me dar? Você não está sozinho. Há muitos investidor­es com fraco desempenho neste ano, sem entender o que estão fazendo de errado e colocando a culpa no “mercado”. Faz pouco tempo, li um artigo do Stock Investing Team que trazia o título “Não seja o seu pior inimigo”. Tratava justamente de que muitos que estão com suas carteiras sem excelente desempenho buscam alguém ou alguma situação para culpar. Infelizmen­te, na maioria das vezes a resposta está no espelho. No campo das finanças comportame­ntais, encontramo­s boas explicaçõe­s para o fraco desempenho. Uma das bases é que nós não somos plenamente racionais na decisão de investir. Relutamos em vender ativos que estão nos fazendo perder dinheiro e saímos com muita facilidade de aplicações que estão trazendo ganhos. Para nós, é sempre maior a dor da perda do que a alegria do ganho. Outra prática em investimen­tos é decidir com base em condições anteriores e gravadas na memória. Constantem­ente decidimos investir em ações “vencedoras”. Mas quando compramos uma ação, estamos comprando o futuro, e não o passado. Outras vezes somos levados pelo efeito “âncora”, temos certas crenças e deixamos de avaliar o cenário e outras variáveis na hora de investir. Isso ocorre quando temos “certezas”, como investir em imóveis é “sempre um bom investimen­to” ou “sempre há ganhos em investir em determinad­a empresa”. O fato é que não podemos nos apaixonar na hora de investir. Há muitos outros comportame­ntos que poderiam ser mencionado­s. O certo seria olharmos somente os números e tomar uma decisão plenamente racional. Mas, nesse caso, não seríamos plenamente humanos.

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