Investidor: não seja o seu maior inimigo
O gerente da minha conta disse que era vantagem colocar meu dinheiro num plano PGBL no final de ano para poder ter redução do imposto de renda em 2019. Vale a pena?
Os planos de previdência PGBL têm o benefício de redução de até 12% da receita anual e, assim, redução do imposto a pagar, mas isso não necessariamente cabe para todas as pessoas. Com certeza não vale a pena se você depositar em dezembro para sacar em 2019 porque, além de ter de pagar o imposto de renda, vai arcar com todos os custos do plano. Isso admitindo que a sua opção seja pelo regime fiscal progressivo, a mesma tabela da declaração anual de imposto. Os planos de previdência têm como uma das vantagens o diferimento tributário. Em outros termos, nós somente pagamos imposto de renda no resgate ou quando passamos a receber os benefícios contratados no plano. Mas isso traz ganhos se eu ficar no plano por longo prazo. No caso de opção pelo regime regressivo de imposto, a tabela começa com 35% de alíquota para até dois anos de prazo de cada contribuição, caindo 5 pontos porcentuais a cada dois anos, e atinge a alíquota de 10% para as contribuições com mais de 10 anos. Fica claro que sair de um plano com esse regime no curto prazo tem custo altíssimo. Há outros aspectos do PGBL que devemos conhecer. O benefício fiscal anual de desconto de até 12% da receita bruta vale somente para quem utiliza o formulário completo da declaração de renda e seja contribuinte do INSS. Caso você não se enquadre nas condições, não poderá ocorrer o desconto do imposto a pagar. Os planos de previdência são interessantes quando temos como objetivo a aposentadoria ou pensamos na sucessão.
Eu sou um investidor aplicado, mas este ano está muito difícil e mesmo diversificando a minha carteira, não estou tendo um bom desempenho. Quais são as dicas você pode me dar? Você não está sozinho. Há muitos investidores com fraco desempenho neste ano, sem entender o que estão fazendo de errado e colocando a culpa no “mercado”. Faz pouco tempo, li um artigo do Stock Investing Team que trazia o título “Não seja o seu pior inimigo”. Tratava justamente de que muitos que estão com suas carteiras sem excelente desempenho buscam alguém ou alguma situação para culpar. Infelizmente, na maioria das vezes a resposta está no espelho. No campo das finanças comportamentais, encontramos boas explicações para o fraco desempenho. Uma das bases é que nós não somos plenamente racionais na decisão de investir. Relutamos em vender ativos que estão nos fazendo perder dinheiro e saímos com muita facilidade de aplicações que estão trazendo ganhos. Para nós, é sempre maior a dor da perda do que a alegria do ganho. Outra prática em investimentos é decidir com base em condições anteriores e gravadas na memória. Constantemente decidimos investir em ações “vencedoras”. Mas quando compramos uma ação, estamos comprando o futuro, e não o passado. Outras vezes somos levados pelo efeito “âncora”, temos certas crenças e deixamos de avaliar o cenário e outras variáveis na hora de investir. Isso ocorre quando temos “certezas”, como investir em imóveis é “sempre um bom investimento” ou “sempre há ganhos em investir em determinada empresa”. O fato é que não podemos nos apaixonar na hora de investir. Há muitos outros comportamentos que poderiam ser mencionados. O certo seria olharmos somente os números e tomar uma decisão plenamente racional. Mas, nesse caso, não seríamos plenamente humanos.