PODER LEGISLATIVO
Em fase de mudanças
Quando o tempo é de mudanças, parece-me ingenuidade querer que elas não causem turbulência e insegurança. Já ficou claro que a população, não vendo líderes reais para representá-la, deixou patente que não quer mais o “velho sistema”, com suas soluções de algibeira, comandando o País. Então a questão que se apresentava, particularmente no caso do comando do Senado, uma vez que na Câmara a gama de partidos que elegeu seu presidente inibirá rompantes “ditatoriais”, é se seria de fato melhor ter no comando um poderoso e hábil negociador da “velha política” do que um político (relativamente) fraco e inexperiente que terá de buscar consenso para exercer seu mister. Entre um mal conhecido, que seria uma afronta à necessidade de fazer as mudanças de que precisamos, e a dúvida acerca do desconhecido, o que me parece ter havido é a aceitação pelo Senado de que as ruas (físicas e virtuais!) têm de ser respeitadas e sua opinião deverá ser componente de peso na tomada de decisões de nossos (sic) representantes. Convém chamar a atenção para o fato de que as aglutinações partidárias que elegeram tanto Rodrigo Maia como Davi Alcolumbre – de uma legenda de média expressão (DEM) – deixam claro o que sempre se soube: não há partidos programáticos que possam expressar o desejo de mudanças da sociedade, evidenciando a necessidade de uma reforma real do sistema político-partidário. Com certeza o consenso para aprovar as mudanças que serão encaminhadas, em sua maioria, pelo Executivo vai ser mais difícil de ser conduzido pelos presidentes das Casas com as composições de interesses que prevaleceram para sua eleição do que se o sistema da “velha política” tivesse prevalecido. Mas também é certo que essa pulverização os obrigará a ouvir e respeitar a voz do povo, propiciando condições para mudanças mais democráticas e que respeitem não os interesses das minorias (patrimonialistas/corporativistas) que sempre prevaleceram, mas da população em geral. Se o Brasil quer mudanças estruturais, este é o momento, mas elas só se concretizarão de forma democrática se a população assumir papel proativo nessa discussão, pressionando legisladores e governo a respeitá-la. JORGE R. S. ALVES jorgersalves@gmail.com
Jaú
Contra a corrente
Exceto os que precisam que o País mude e os que de fato querem ver o País mudar, o restante rema firmemente contra. MANOEL BRAGA manoelbraga@mecpar.com Matão
Responsabilidade dos eleitos
A deputada estadual Janaina Paschoal, eleita com mais de 2 milhões de votos, tem autoridade para falar sobre o papel dos deputados federais e senadores, como sublinhado no editorial responsabilidade dos eleitos (4/2, A3). Se dependesse do desejo do eleitor, a professora Janaina estaria no Congresso Nacional. De fato, a sociedade clama pela inovação no Congresso. Os eleitos poderiam anotar alguns pontos-chave nessa trajetória, como o fim do foro privilegiado e drástico corte de gastos do Parlamento. A redução dos próprios vencimentos seria uma maneira de demonstrar solidariedade à população, vítima de alto índice de desemprego e oprimida por carga tributária que, de tão arbitrariamente elevada, passou a ser motivo de pânico para o contribuinte. Outra maneira de sinalizar mudança: lei que determine que políticos que ocupam cargos
Ano Executivo e no Legislativo recebam tratamento médico na rede pública e se optarem pela rede privada deverão pagar a conta, como qualquer cidadão. Se os parlamentares iniciarem o mandato tomando atitudes simples como essas, demonstrarão que foram eleitos para, juntamente com o Executivo, reconstruir um país desmoralizado pela corrupção e desolado com a inoperância da classe política. IRENE MARIA DELL’AVANZI irenedellavanzi@hotmail.com Itapetininga