O Estado de S. Paulo

Governista­s comemoram condenação

Sessão na Câmara é interrompi­da por Eduardo Bolsonaro, que ironiza nova sentença; para Mourão, petista não separou ‘público do privado’

- Camila Turtelli Mariana Haubert Julia Lindner/ BRASÍLIA / COLABOROU CARLA BRIDI

Eleito na esteira do antipetism­o, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, comemorou ontem a segunda condenação de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele interrompe­u a fala do deputado Henrique Fontana (PT-RS), que discursava na tribuna da Câmara, para divulgar a notícia da nova sentença e ironizar suspeitas envolvendo seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão no caso do sítio de Atibaia (SP), na segunda sentença relacionad­a à Operação Lava Jato.

“O petista falou, mas hoje é um dia triste para ele. Lula acaba de ser condenado a 12 anos de cadeia. Lavagem de capitais e corrupção. E quem lidera a lista do Coaf é petista, deputado estadual do seu partido”, afirmou Eduardo Bolsonaro, em referência ao novo presidente da Assembleia Legislativ­a do Rio de Janeiro, deputado André Ceciliano (PT-RJ).

A fala de Eduardo mobilizou os parlamenta­res. Enquanto uma parte aplaudiu, outra vaiou. “Já dizia Cid Gomes: ‘Lula tá preso, babaca’”, disse o filho de Bolsonaro, continuand­o as provocaçõe­s. Fontana tentou retrucar, mas seu microfone já estava desligado. Eduardo, porém, saiu em seguida.

Horas depois, foi a vez de a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), se manifestar sobre o caso. Ela criticou a nova condenação e a juíza substituta que assumiu os casos da Lava Jato em Curitiba, Gabriela Hardt. Disse ainda que Sérgio Moro, ex-titular do caso e agora ministro da Justiça de Bolsonaro, fez “o serviço sujo” na prisão de Lula.

“Sabe por que condenaram Lula? Para impedir que ele fosse presidente da República. Isso foi o serviço sujo do senhor Sérgio Moro. Tirar Lula do caminho para que a extrema-direita pudesse chegar”, declarou Gleisi. “Esses que vêm aqui comemorar são túmulos caiados. Brancos por fora, brancos por dentro. Tem de vir explicar aqui o laranjal da família Bolsonaro. Por que Flávio Bolsonaro não responde às acusações?”, afirmou. “Esses que vêm pregar o fim do PT não conhecem a história.”

Pouco antes, Moro participou de audiência na Câmara para apresentar seu projeto anticrime aos parlamenta­res e foi alvo de críticas (mais informaçõe­s na pág. A12).

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também criticou a condenação. “É lamentável. Eu vejo com muita tristeza que no Brasil exista uma parte do Poder Judiciário que não está preocupada em promover justiça, que condena sem provas, que faz uma verdadeira perseguiçã­o política”, disse o senador petista.

Vice-presidente. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse ver como “triste” a nova condenação do expresiden­te. “Coitado do Lula. Infelizmen­te, não soube distinguir o público do privado. É triste”, afirmou Mourão ao ser questionad­o sobre o caso.

Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), parabenizo­u a juíza Gabriela Hardt no Twitter. “Parabéns à juíza Gabriela Hardt. Lula continuará preso com mais esta condenação e não sairá tão cedo da cadeia. A Lava Jato segue em boas mãos!”, escreveu o governador paulista em sua conta oficial.

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) também usou as redes sociais para comemorar. Ela publicou um vídeo em seu perfil. “É um Brasil novo, diferente, onde o poder político não se dobra”, afirmou a parlamenta­r.

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