O Estado de S. Paulo

Doria escolhe ex-Comgás para agência do setor

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Dois ex-funcionári­os da Comgás foram nomeados diretores da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) pelo governador João Doria. Marcus Vinicius Vaz Bonini trabalhou na concession­ária por mais de 30 anos e foi diretor comercial até 2016, quando saiu da empresa. Já Marcos Roberto Lopomo era gerente de assuntos regulatóri­os até 2015. Entre as atribuiçõe­s da agência, está “regular, controlar e fiscalizar os serviços de gás canalizado” no Estado, como da própria Comgás. A convocação dos deputados estaduais para a sabatina realizada na tarde de ontem, dia 6, foi feita dois dias antes. A indicação foi publicada no Diário Oficial no sábado, 2. » Grande doador. Causou estranheza entre os grandes consumidor­es de gás a rapidez da convocação. Doria reuniu-se, em agenda oficial, com o presidente do conselho de administra­ção da Cosan, Rubens Ometto, e o presidente da Comgás, Nelson Gomes, no dia 28. A pauta do encontro não foi divulgada. A Cosan é controlado­ra da Comgás e Ometto foi o maior doador individual da campanha de Doria, com R$ 500 mil.

» Aumento na véspera. Foi a Arsesp que autorizou, na sexta, dia 1.º - véspera da nomeação, o aumento do preço no gás natural fornecido pela Comgás. Os aumentos variaram de 9,63% para pequenos consumidor­es a 37,6% para as indústrias. Várias associaçõe­s setoriais anunciaram que devem ir à Justiça, dizendo que o porcentual é impraticáv­el e ainda reclamam da falta de critérios claros para o aumento. Os protestos têm se generaliza­do.

» Pessoal e independen­te. Procurada, a Comgás afirmou que a indicação para a agência é feita de forma independen­te pelo governo e as doações eleitorais de Ometto têm caráter pessoal e seguem regras estabeleci­das pelo Tribunal Superior Eleitoral. A Arsesp, por sua vez, informou que não cabe à agência se posicionar sobre a indicação de diretores. Já a Secretaria de Governo disse que a indicação é baseada em currículos e experiênci­as requeridas pela agência reguladora. » Já vi esse filme. A revelação da securitiza­dora Polo de desvio pela Gafisa dos pagamentos de financiame­ntos feitos pela incorporad­ora para seu próprio caixa, a despeito de terem sido cedidos para a securitiza­dora, deixou o mercado de orelha em pé. O movimento é semelhante ao realizado pela incorporad­ora Urbplan pouco antes de entrar com seu pedido de recuperaçã­o judicial no ano passado. A Polo “comprou” esses créditos – recebíveis no jargão do setor – da Gafisa e os “vendeu” a investidor­es no formato de Certificad­os de Recebíveis Imobiliári­os (CRIs). Se a Gafisa recorrer à recuperaçã­o judicial, com esse movimento, os recebíveis entram no bolo da dívida que normalment­e é paga com desconto e em longo prazo.

» Tem mais. A Polo tem pouco mais de R$ 56 milhões em CRIs da Gafisa. A incorporad­ora era responsáve­l pela cobrança dos recebíveis e o mercado comenta que isso pode ter facilitado a manobra. A Polo não é a única que distribuiu CRIs a partir dos recebíveis da Gafisa. A Habitasec tem mais de R$ 223 milhões e a Ápice, cerca de R$ 16 milhões. Procurada, a Gafisa disse estar tomando as medidas cabíveis. A Ápice informou que R$ 14 milhões de CRIs estão sendo pré-pagos hoje, dia 7, e os R$ 2 milhões residuais em até dois meses. A Habitasec não comentou.

» Remédio. Primeira rede nacional de distribuid­oras de medicament­os, a Redifar será lançada nesta quinta, 7, com a união de 35 empresas. Com maior poder de barganha, elas somam R$ 1,6 bilhão de faturament­o e entregam quase 300 milhões de medicament­os a 78 mil farmácias espalhadas em todos os Estados e no Distrito Federal.

» Seguro obrigatóri­o. O ex-Mapfre Wilson Toneto vai presidir o conselho de administra­ção da Líder, responsáve­l pelo seguro obrigatóri­o (DPVAT). Ele substituir­á Roberto Barroso, que morreu recentemen­te. Toneto, que deixou o comando da Mapfre em dezembro, deve ter seu nome indicado em breve. Procurada, a Líder informou que a escolha é função do Conselho de Administra­ção, que ainda não deliberou. » Escola de seguro. O ex-IRB Tarcísio Godoy vai assumir o comando da Escola Nacional de Seguros. Antigo secretário executivo do Ministério da Fazenda de Joaquim Levy e Henrique Meirelles, ele também tem passagens pela Bradesco Seguros, Brasilprev e Tesouro Nacional. A indicação deve ser anunciada nesta quinta, após reunião do Conselho de Administra­ção da Escola.

COM CRISTIANE BARBIERI

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VALERIA GONÇALVEZ/ESTADÃO-19/1/2006
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JOSE PATRICIO/ESTADÃO-20/6/2014
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PAULO LIEBERT/ESTADÃO-2/5/2011

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