Projetos democratas para elevar impostos afastam bilionários
Empresários que se opõem a Trump tentam evitar que oposição flerte com esquerda radical e afaste moderados
Uma onda de populismo econômico liberal pegou de surpresa vários bilionários de esquerda e também executivos de Wall Street, que estão se empenhando para rejeitar aumentos de impostos e novas regulamentações que podem ter profundas repercussões na economia americana.
Até agora, apenas alguns criticaram abertamente a agressiva agenda democrata que tem à frente congressitas como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez e a senadora Elizabeth Warren. No entanto, a tensão, que aumentou rapidamente na semana passada, mostra como os líderes empresariais estão tendo dificuldade para lidar com um partido que perdeu muitas das suas vozes simpáticas ao empresariado.
Os governos de Bill Clinton e Barack Obama sempre mantiveram boas relações com Wall Street e líderes do mercado de tecnologia da Califórnia, mas um grupo emergente de novos líderes tem rejeitado tais vínculos. Liderando a resistência até agora estão dois potenciais candidatos à presidência nas eleições de 2020, o ex-CEO da Starbucks Howard Schultz e o exprefeito de Nova York Michael Bloomberg, assim como o ex-diretor do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein. Todos se manifestaram nos últimos dias sobre o que consideram propostas demasiadamente esquerdistas de democratas proeminentes sobre impostos e regulamentações.
Os três são críticos de Donald Trump, mas alertaram que algumas das propostas apresentadas pelos democratas podem empurrar o país muito para a esquerda e afastar amplos segmentos de eleitores moderados.
As queixas foram recebidas com descaso pelos congressistas da ala esquerda do partido. “Não deve surpreender o fato de que alguns bilionários querem continuar a acumular o máximo de riqueza possível, aumentando sua influência corrupta sobre nosso sistema político”, afirmou Ilhan Omar, deputado da Pensilvânia.
O ponto crucial de muitas das novas propostas é a tentativa de realinhar a política econômica para que americanos mais ricos paguem impostos mais altos e, em alguns casos, forçar as empresas a repartir mais seus ganhos com seus funcionários, em vez dos acionistas.
Os democratas propuseram aplicar parte desta nova receita em programas que ajudarão os americanos de classes média e baixa, e também na expansão do sistema de saúde e na ajuda no pagamento de dívidas estudantis.
A Casa Branca procurou tirar proveito dessas propostas, afirmando que os democratas vêm trabalhando para levar o país para o socialismo. “Os EUA jamais serão um país socialista”, disse Trump em seu discurso sobre o Estado da União, na terçafeira.