Del Nero faz nova tentativa de anular seu banimento
Em audiência por meio de videoconferência, ele diz que provas da Fifa são ‘insuficientes’ para tirá-lo de vez do futebol
Numa audiência de quase sete horas, Marco Polo del Nero tentou ontem convencer a Fifa a derrubar a punição que o obrigou a deixar a direção da CBF. O brasileiro foi banido do futebol e condenado na primeira instância da entidade com sede na Suíça a pagar uma multa milionária. A Fifa alegou que a punição ocorreu diante do resultado dos inquéritos da Justiça dos Estados Unidos que apontaram para suspeitas de corrupção milionária por parte de Del Nero na CBF e Conmebol. Sem sair do Brasil desde maio de 2015, o cartola conseguiu evitar ser detido e extraditado aos EUA, como ocorreu com o ex-presidente da CBF José Maria Marin, condenado e sentenciado.
Del Nero não tem pretensões de voltar ao comando do futebol brasileiro. Mas quer tentar derrubar sua punição. Por isso, recorreu à segunda instância jurídica da Fifa, solicitando que sua condenação fosse revista.
Ontem, participou da audiência por meio de videoconferência, enquanto seus advogados viajaram até Zurique para defendê-lo. Ao iniciar sua defesa, Del Nero insistiu que era inocente e que o material usado pela Fifa para condená-lo se limitou aos depoimentos de testemunhas que foram ao tribunal de Nova York durante o processo contra Marin. De acordo com pessoas que estiveram na audiência de ontem, os investigadores da Fifa não apresentaram nenhum novo dado do caso.
A alegação da defesa é de que, dentro da Fifa, apenas documentos preparados pelos próprios investigadores internos é que podem servir para justificar uma punição. Além disso, eles insistem que todos os indícios utilizados estão baseados em depoimentos. Não existe, segundo os advogados, nenhum e-mail, gravação de voz ou vídeo em que Del Nero apareça em atos comprometedores.
A defesa, assim, insistiu que a Fifa havia tomado uma decisão com base em “provas indiretas” e que apenas “assumem” que a corrupção possa ter ocorrido por conta da relação de Del Nero com Marin. O ex-presidente da CBF afirmou desconhecer os encontros citados pelas testemunhas em Nova York.
Os investigadores da Fifa, porém, ainda acreditam que têm um caso sólido nas mãos. A lógica é de que, se os depoimentos foram suficientes para uma corte nos EUA, também deveriam ser à Fifa. Os investigadores também argumentam que os dados apresentados à corte americana eram detalhados e que, de fato, mostravam coerência entre os diferentes depoimentos.
O caso agora será julgado por três membros da corte da Fifa e não há um prazo para a decisão ser tornada pública.
Para a defesa de Del Nero, ainda existe a possibilidade de levar o processo para o Tribunal Arbitral dos Esportes que, de fato, foi utilizado por Joseph Blatter e Michel Platini para reduzir suas penas.