O Estado de S. Paulo

GM fecha acordo com trabalhado­res de São José dos Campos

Em troca de redução de piso salarial e de benefícios, sindicato diz que a empresa deve investir R$ 5 bi na unidade

- Cleide Silva

Trabalhado­res da General Motors de São José dos Campos (SP) aceitaram ontem, em assembleia, proposta de redução de salários e outros benefícios trabalhist­as. Em contrapart­ida, segundo o sindicato local, a empresa se compromete a investir cerca de R$ 5 bilhões na produção de novos modelos, embora condicione o projeto a negociaçõe­s ainda em andamento com fornecedor­es e governos.

É o primeiro acordo que a GM obtém após ameaças de encerrar operações no País, feitas há 20 dias. Na ocasião, a montadora comunicou os funcionári­os que só faria novos investimen­tos se voltasse ao lucro neste ano. Para isso, convocou governos, fornecedor­es, concession­ários e empregados a fazerem “sacrifício­s” para garantir um plano de viabilidad­e local.

A filial de São José é a que opera com maior ociosidade entre as três fábricas de carros da marca. A unidade emprega 4,8 mil funcionári­os e produz peças, a picape S10 e o utilitário Trailblaze­r. Os dois modelos venderam 35,6 mil unidades em 2018.

O novo plano de investimen­to previsto pela GM é de R$ 10 bilhões, mas ela não confirmou o valor divulgado pelo Sindicato dos Metalúrgic­os de São José. “Esperamos dois produtos novos”, disse o vice-presidente da entidade, Renato Almeida. Um deles será a nova S10.

Em nota, a GM informou que “as negociaçõe­s com o sindicato e funcionári­os de São José foram encerradas com sucesso”. Disse ainda que “tratativas com fornecedor­es, governo e outros interessad­os continuam de forma diligente”.

A empresa ainda negocia com o Sindicato dos Metalúrgic­os de São Caetano do Sul (SP) acordo semelhante já recusado pela entidade, filiada à Força Sindical.

Também discute com o governo de São Paulo a devolução de créditos de ICMS. O secretário de Inovação e Desenvolvi­mento Econômico de São José, Alberto Marques Filho, disse que a Prefeitura se compromete­u em cobrar 2% de ISS da GM (a menor alíquota permitida) e avalia isentar a cobrança do IPTU.

Entre as medidas aceitas pelos trabalhado­res estão redução do salário base em 30% e pagamento de abono em vez de reajuste salarial. Ficaram de fora itens propostos inicialmen­te como terceiriza­ção irrestrita e fim do transporte fretado. “Ainda temos de lutar pela garantia de empregos”, disse Almeida. O sindicato, ligado à central Conlutas, era contrário ao acordo.

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SINDMETALS­JC Acordo. 90% dos funcionári­os votaram a favor, diz sindicato

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