O Estado de S. Paulo

Dreno e sonda são retirados de Bolsonaro

Presidente reage a tratamento contra a pneumonia, mas quadro inspira cuidados

- Fabiana Cambricoli Mateus Fagundes Paulo Beraldo

Após ter uma pneumonia detectada anteontem, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) reagiu ao tratamento e apresentou melhora ontem. Os bons resultados nos exames laboratori­ais e a aceitação de dieta líquida fizeram a equipe médica optar pela retirada do dreno no abdome e da sonda nasogástri­ca. O quadro de pneumonia, no entanto, inspira cuidados e exige tratamento de pelo menos sete dias, o que indica que o paciente precisará ficar internado no mínimo até a próxima quarta-feira, quando completará uma semana de uso dos medicament­os contra a doença.

Segundo boletim médico divulgado ontem à tarde pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o presidente teve boa evolução clínica e manteve-se sem febre e sem dor. A nota afirmou ainda que Bolsonaro permanece com nutrição parenteral e realizando exercícios respiratór­ios, de fortalecim­ento muscular e caminhada fora do quarto.

Além da alimentaçã­o intravenos­a, o presidente iniciou, na noite de anteontem, a ingestão de alimentos líquidos, como gelatina e caldo de carne. No Twitter, Bolsonaro comentou o avanço. “Nas últimas horas tive o prazer de voltar a comer. Ontem (anteontem) pela noite um caldo de carne e hoje uma boa gelatina. Estou feliz, apesar de não ser aquele pão com leite condensado kkkk. Bom dia a todos! (sic)”, escreveu.

De acordo com o porta-voz da Presidênci­a, Otávio do Rêgo Barros, Bolsonaro amanheceu ontem animado e “super disposto”. O porta-voz afirmou ainda que o presidente ficou muito feliz com a retirada do dreno do abdome e da sonda nasogástri­ca. “Ela (a sonda) o incomodava muito”, disse.

Na avaliação de Rêgo Barros, foi o melhor dia que Bolsonaro passou desde a cirurgia para a reconstruç­ão intestinal, em 28 de janeiro. “A evolução dele é positiva. A administra­ção das drogas está fazendo efeito. Os antibiótic­os ajudaram a debelar o processo da pneumonia”, declarou o porta-voz.

Embora as visitas ao presidente ainda estejam restritas, Bolsonaro recebeu ontem o ministro da Infraestru­tura, Tarcísio Gomes de Freitas. Eles discutiram o programa nacional de segurança da aviação civil contra atos de interferên­cia ilícita. “Eles vão conversar para posterior promulgaçã­o de nova legislação”, afirmou Rêgo Barros.

Quadro clínico. Passados 11 dias desde a cirurgia, Bolsonaro vive um pós-operatório complicado, apesar da melhora registrada ontem pela equipe médica. O primeiro revés foi a dificuldad­e resultante da própria operação. Estimada para levar três horas, o procedimen­to acabou durando sete horas por causa das inúmeras aderências intestinai­s encontrada­s.

No domingo passado, após o presidente apresentar febre, exames detectaram um abscesso na região onde havia a colostomia. Foi colocado um dreno no abdome para sugar o líquido e iniciado tratamento com antibiótic­o para tratar o ponto infeccioso.

Anteontem, novo episódio de febre e exames de imagem mostraram a pneumonia, fator de preocupaçã­o para qualquer paciente internado, mas que, no caso de paciente maior de 60 anos, como Bolsonaro, que tem 63, requer ainda mais cautela.

“A cada dez pacientes, um ou dois podem evoluir para broncopneu­monia pós-operatória, principalm­ente se for maior de 60 anos. Ao meu entender, é uma complicaçã­o não esperada, mas não incomum”, disse o diretor da Clínica Fares e especialis­ta em cirurgia do aparelho digestivo, Ricardo Portieri. “O pós-operatório dele está conturbado. A pneumonia não é grave, mas preocupa”, declarou um médico do Einstein que preferiu não se identifica­r.

A avaliação dos especialis­tas levam em consideraç­ão que, em casos como os de Bolsonaro, o esperado, quando não há complicaçõ­es, é que o paciente tenha alta em cerca de sete dias, já comendo alimentos sólidos e evacuando normalment­e. Bolsonaro ficará pelo menos 17 dias no hospital e, até agora, só iniciou a dieta líquida.

Os especialis­tas ressaltara­m que a reintroduç­ão alimentar é um bom sinal e pode ajudar na recuperaçã­o. “Ele (Bolsonaro) precisa se recuperar com medicação, o que já tem ocorrido, e alimentaçã­o. É um bom sinal, portanto, esta evolução da dieta. Se ele aceitar bem o caldo de carne durante 24 horas, ajuda a preparar para uma fase mais cremosa, como um creme de verduras, e pastosa, como purê de batata e carne moída”, disse o gastro-cirurgião e professor da Faculdade de Medicina do ABC Eduardo Grecco.

 ?? TWITTER JAIR BOLSONARO ?? Hospital. Em gabinete improvisad­o, Bolsonaro recebe o ministro da Infraestru­tura, Tarcísio Gomes de Freitas (à dir.)
TWITTER JAIR BOLSONARO Hospital. Em gabinete improvisad­o, Bolsonaro recebe o ministro da Infraestru­tura, Tarcísio Gomes de Freitas (à dir.)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil