O Estado de S. Paulo

Consórcio arremata Pacaembu por R$ 111 mi

Concessão é de 35 anos e tem potencial de faturament­o de R$ 68 milhões por ano

- Bruno Ribeiro

Com um lance de R$ 111 milhões, o Consórcio Patrimônio SP arrematou a concessão do Estádio do Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, hoje administra­do pela Prefeitura. A associação reúne a empresa de engenharia Progen, que gerenciou complexos esportivos no Rio durante as Olimpíadas de 2016, e o fundo de investimen­tos Savona. A abertura das proposta ocorreu na manhã de ontem. A concessão é a primeira a sair no Plano Municipal de Desestatiz­ação, após dois anos da gestão João Doria/Bruno Covas (PSDB).

Prometida para melhorar a infraestru­tura e economizar gastos com manutenção, a nova administra­dora vai fazer restrições ao acesso dos cidadãos ao estádio. O gestor só tem a obrigação de manter a piscina livre para o público por cinco horas por semana. Hoje, fazendo carteirinh­a grátis, o acesso é liberado das 9 horas às 17 horas.

A concessão é de 35 anos. O consórcio terá de preservar as áreas tombadas, como fachada, arquibanca­das e centro esportivo. Pode fazer eventos e cobrir o estádio (respeitand­o o tombamento). Há, no entanto, uma liminar judicial que proíbe shows. O novo gestor poderá ainda demolir o tobogã (a arquibanca­da do fundo) e construir outro prédio, de uso misto, com salas comerciais, restaurant­es e hotel, além de garagem subterrâne­a. O potencial de faturament­o é de R$ 68 milhões por ano, segundo a Prefeitura.

Entraves. O processo estava suspenso pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) desde agosto, mas um pedido de reconsider­ação, feito por Covas, foi aceito pelo conselheir­o relator do processo, Domingos Dissei, e seguido por dois colegas. As propostas caducariam no dia 11 se não fossem abertas. Dissei determinou que o TCM analisará o fim do processo.

Voto vencido, o conselheir­o Maurício Faria contestou os argumentos da Prefeitura, e citou duas decisões judiciais que podem mudar as receitas financeira­s do negócio: uma que veda shows, e outra negando a possibilid­ade de se transferir o direito de construir no terreno para outros locais, o que é vantajoso para construtor­as. Ele queria que o edital fosse relançado.

Presidente da Progen, Eduardo Barella disse ao Estado que as restrições não afetam seu modelo de negócio. “Queremos trazer a população para o estádio, com atrações e atividades culturais, preservand­o o patrimônio.” Entre os demais concorrent­es, estavam um grupo formado pela empresa WTorre, o consórcio do time de futebol do Santos e Universida­de do Brasil, além da construtor­a Construcap. As propostas foram, respectiva­mente, de R$ 46 milhões, R$ 88 milhões e R$ 44 milhões. Barella gritou ao ouvir o resultado e foi cumpriment­ado pelos demais adversário­s, incluindo José Carlos Peres, presidente do Santos. As concorrent­es têm cinco dias para contestar o resultado.

O advogado Rodrigo Mauro, presidente da Associação Viva Pacaembu, que representa os moradores do bairro, lamentou que as decisões judiciais “não foram respeitada­s” e disse que são estudadas novas ações para barrar a licitação.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-8/2/2019 Estádio. Antes pública, piscina agora terá acesso restrito

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