O Estado de S. Paulo

Dúvida sobre Reforma da Previdênci­a segura a Bolsa

- Wagner Gomes

Atrelado ao noticiário sobre a reforma da Previdênci­a, que ainda gera muitas dúvidas, o Ibovespa se distanciou novamente dos 100 mil pontos. Mesmo fechando o pregão em alta ontem, o índice acumulou perdas de 2% no mês e voltou ao patamar dos 95 mil pontos. Para que a tendência de alta seja retomada no curto prazo, será preciso que governo e parlamenta­res se ajustem e pensem em soluções rápidas, além, é claro, de um cenário internacio­nal mais otimista, principalm­ente em relação às questões comerciais entre Estados Unidos e China, na avaliação de Régis Chinchila, analista da Terra Investimen­tos.

“Após a forte correção da semana, o Ibovespa ficou um pouco distante do 100 mil pontos. Acreditamo­s que a reforma da Previdênci­a e soluções para crise fiscal sejam os principais drivers para a bolsa. No cenário internacio­nal a pauta continua com China e Estados Unidos”, afirma Chinchila.

Para a equipe do Santander, passado um mês de forte valorizaçã­o dos ativos domésticos em janeiro, o Ibovespa deve encontrar dificuldad­es de renovar sucessivas máximas a partir de agora, uma vez que as expectativ­as de sucesso sobre as reformas fiscais são elevadas, porém a tramitação dos projetos no Congresso pode ser mais lenta do que a inicialmen­te esperada.

“Isto não invalida nossa visão favorável em relação ao índice para o ano, porém reconhecem­os que a valorizaçã­o dos ativos ficará mais dependente do andamento da reforma da Previdênci­a dentro do Congresso. Embora esperada e bem-vinda, a superação dos 100 mil pontos não necessaria­mente dependerá do ingresso de recursos estrangeir­os. Vale lembrar que durante o último trimestre de 2018, o Ibovespa saiu de 79 mil para 88 mil pontos, sendo que os investidor­es estrangeir­os foram vendedores líquidos no período”, diz o banco.

Pedro Galdi, analista de investimen­to da Mirae Investimen­tos, explica que o Ibovespa já teria alcançado os 100 mil pontos se não fosse o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG). Mas ele acredita que o índice segue em evolução e tende a alcançar este patamar. De acordo com a Mirae, o viés segue para este ano na faixa de 110 mil a 130 mil pontos para o Ibovespa, dependendo muito do sucesso do novo governo com as reformas.

De acordo com ele, a piora dos indicadore­s de atividades na Zona do Euro e China, que reforça o temor de desacelera­ção da economia mundial batendo nas bolsas e contaminan­do no Brasil o Ibovespa, pode inibir o alcance deste alvo de forma rápida e é apontado como risco de curto prazo.

“Tem ainda a pressão da Vale com o acidente e o ônus do processo. Mas lembramos que o preço do minério de ferro ficou congelado na semana com o feriado estendido do ano novo (na China). Aguarda-se que a volta do preço do metal tenha um ajuste com o embargo da unidade de Brucutu, ou retirada de mais 30 milhões da oferta da empresa no mercado mundial de minério de ferro”, afirma Galdi.

Para a próxima semana, a Guide Investimen­tos tirou a B3 (ON) de sua lista e colocou Lojas Renner (ON). Na Mirae Investimen­tos entraram Indústrias Romi (ON), Pão de Açúcar (PN), Duratex (ON), Randon (PN) e BB Seguridade (ON). A Nova Futura colocou na lista Cesp (PNB), Vale (ON), Porto Seguro (ON), Lojas Marisa (ON) e Smiles (ON). Na Modalmais entraram Itaú (PN), Lojas Renner (ON) e B3 (ON).

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil