O Estado de S. Paulo

IPCA fica em 0,32% e analistas revisam projeção para o ano

Resultado abaixo do esperado pelo mercado fez Itaú cortar sua previsão para o ano de 3,9% para 3,6%

- Daniela Amorim / RIO / COLABOROU THAÍS BARCELLOS

Apesar dos tradiciona­is reajustes nos preços do transporte público e dos alimentos em janeiro, a inflação oficial no País voltou a surpreende­r positivame­nte no primeiro mês de 2019.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,32%, praticamen­te no piso das estimativa­s de especialis­tas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam uma inflação mediana de 0,37%.

Após a divulgação dos dados feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), alguns especialis­tas se apressaram em revisar para baixo as projeções para o IPCA de 2019, distancian­do-se cada vez mais do centro da meta de 4,25% determinad­a pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano.

O Itaú Unibanco cortou sua previsão de 3,90% para 3,60% para o IPCA em 2019. A gestora de recursos Garde Asset Management diminuiu sua estimativa de 3,8% para 3,4% para este ano.

A recuperaçã­o lenta da economia e o avanço na ocupação via informalid­ade no mercado de trabalho explicam um cresciment­o ainda modesto na inflação de serviços, avaliou Pedro Kislanov da Costa, analista do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

“Teve redução da taxa de desocupaçã­o, mas a massa salarial continua estável. Essa recuperaçã­o é calcada na informalid­ade. As pessoas têm cautela ainda na hora de consumir, por isso a gente nota um cresciment­o nos serviços (na inflação de serviços), mas ainda é moderado”, disse Costa.

A taxa acumulada em 12 meses pela inflação de serviços aumentou de 3,36% em dezembro de 2018 para 3,71% em janeiro de 2019. Quanto à inflação de bens e serviços monitorado­s pelo governo, houve desacelera­ção de 6,20% em dezembro para 6,04% em janeiro, o menor patamar desde julho de 2017.

No mês de janeiro, as famílias gastaram mais com tarifas de ônibus urbano, principal pressão sobre o IPCA, mas a queda nos preços dos combustíve­is neutralizo­u o aumento. Gasolina, etanol e diesel ficaram mais baratos.

Quanto aos alimentos, embora tenham respondido sozinhos por mais de dois terços da inflação de janeiro, o tomate deu uma trégua, com queda de 19,46%. Outros itens importante­s na cesta básica, porém, pesaram mais no orçamento, devido a entressafr­a e prejuízos na lavoura provocados por condições climáticas desfavoráv­eis caracterís­ticas dessa época do ano: feijão, cebola, frutas e carnes.

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