O Estado de S. Paulo

Estratégia da companhia é ampliar a oferta de produtos

Com um portfólio mais variado, Ambev diz ter condições de recuperar mercado e de entregar resultados melhores

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Ampliar a oferta de produtos é a principal estratégia da gigante de bebidas Ambev para recuperar mercado e voltar a entregar resultados semelhante­s aos anteriores à crise. Desde 2015, a companhia ampliou a linha de suas três principais marcas (Skol, Antarctica e Brahma) com dez lançamento­s.

“Nosso portfólio é muito mais robusto do que o de três anos atrás. Fizemos um investimen­to nas famílias das marcas. Hoje, por exemplo, temos Skol, Skol Hops e Skol Puro Malte. Você pode jogar os produtos em diferentes ocasiões”, afirma o diretor financeiro da empresa, Fernando Tennenbaum.

Apesar de sempre ter se colocado contra o segmento de cervejas “de desconto” – por considerar que, nele, o consumidor não diferencia as marcas –, a companhia também investiu nesse mercado. No ano passado, lançou a Nossa em Pernambuco e a Magnífica no Maranhão, ambas com mandioca em suas receitas e mais baratas que as marcas tradiciona­is.

O executivo afirma que a entrada no segmento não foi uma estratégia para responder à crise, mas uma “oportunida­de” de se relacionar com o público de regiões onde marcas “de desconto” devem predominar sempre. Para Tennenbaum, em outros Estados do País, esse mercado voltará a encolher conforme a economia brasileira se recuperar.

Apesar de a Ambev afirmar não prever uma expansão significat­iva no segmento mais popular, o lançamento das novas marcas foi bem visto por investidor­es. Segundo relatório do banco BTG Pactual, os benefícios fiscais concedidos à companhia pelos Estados onde a bebida está sendo produzida permitem que ela seja vendida até 10% mais baratas que a Schin – hoje nas mãos da Heineken – e sem perda na margem de lucro. Otimismo. Tennenbaum diz ainda estar otimista com a recuperaçã­o da economia do País – e, portanto, com a Ambev. “Com o Brasil crescendo, dá para recuperar margem. Quanto (de margem), é difícil dizer.” Ele admite que haverá um impacto do câmbio neste ano decorrente da desvaloriz­ação da moeda brasileira em 2018, mas nada que se compare a 2016.

Naquele ano, acrescenta ele, a desvaloriz­ação foi de maior magnitude e o resultado da companhia foi também prejudicad­o pelo aumento do ICMS em vários Estados.

“Agora, a grande dúvida é se vamos voltar a ver o volume (de

venda de bebidas). Isso está um pouco na cabeça dos investidor­es”, responde Tennenbaum, ao ser questionad­o sobre o desempenho da companhia na Bolsa em 2018.

Estimativa­s da CervBrasil (associação do setor da qual a Ambev não faz mais parte) apontam que a produção de cerveja no ano passado ficou em 13 bilhões de litros, 8% a menos do que o registrado em 2014, ano recorde. A projeção da entidade para este ano é de alta de 3% no volume caso o governo consiga agilizar as reformas estruturai­s na economia. Em cenário contrário, deve haver uma estagnação./L.D.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO–24/1/2019 Desempenho. Tennenbaum prevê recuperaçã­o de margem

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