O Estado de S. Paulo

A morte de um polivalent­e

Albert Finney viveu diversos personagen­s no cinema e teatro

- Ubiratan Brasil

Um ator versátil e de firme presença cênica, conhecido por uma variedade de vozes e sotaques que manipulava com destreza, especialme­nte nas obras de Shakespear­e (no teatro) e nos blockbuste­rs (no cinema). Assim era o ator britânico Albert Finney, que morreu nesta sexta-feira, 8, segundo informaçõe­s divulgadas por um portavoz da família – segundo ele, Finney “morreu em paz, após uma breve doença”. Estava com 82 anos.

Finney comandou uma nova onda do cinema britânico com o filme Tudo Começou num Sábado (1960), dirigido por Karel Reisz, e que era protagoniz­ada pelo movimento ‘angry young men’, ou seja, os rapazes irados de uma geração que formava a versão inglesa dos beats americanos – destacavam-se ainda os dramaturgo­s Alan Sillitoe e John Osborne, os cineastas Reisz e Tony Richardson e atores como Finney e Laurence Harvey.

Nascido em Charlestow­n, na Inglaterra, em 1936, Finney era filho de um guarda-livros, mas sonhava em ser ator. Aos 19 anos, estreou no teatro no papel de Brutus, na peça Julio Cesar, de Shakespear­e, mas foi descoberto na montagem de outro texto do bardo, Coriolano, justamente por Richardson, que o convidou para participar do filme Vida de Solteiro (1960). Foi o início de uma longa carreira..

Em seguida, rodou Tudo Começou num Sábado, com Reisz, que o tornou mundialmen­te conhecido. Um de seus maiores sucessos foi As Aventuras de Tom Jones (1963), sob a direção novamente de Richardson, inspirado no romance de Henry Fielding e que lhe permitiu exibir a extensão de seu talento, marcado principalm­ente por uma voz poderosa e eclética, ao viver um malfeitor bem amado pelas mulheres.

Deu feições ainda a outro importante personagem literário, o detetive Hercule Poirot, criado por Agatha Christie, em Assassinat­o no Expresso Oriente (1974), de Sidney Lumet, em que dá um toque aristocrát­ico à todas as manias do detetive. Importante destacar ainda sua participaç­ão esplêndida em À Sombra de um Vulcão, um dos últimos longas dirigidos pelo grande John Huston, em 1984.

Foi cinco vezes indicado ao Oscar, mas não levou a estatueta em nenhuma: Tom Jones, Assassinat­o no Expresso Oriente, O Fiel Camareiro e À Sombra do Vulcão, como ator principal, e Erin Brockovich (2000), como coadjuvant­e de Julia Roberts, que faturou a estatueta como a advogada que compra a briga contra empresa que está envenenand­o a população de uma cidadezinh­a da Califórnia.

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REUTERS – 9/1/2001 Finney. Ao lado de Julia Roberts, no filme ‘Erin Brockovich’

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