O Estado de S. Paulo

Monitorame­nto passa a ter maior importânci­a

Empresas que fiscalizam apostas trabalham duro para impedir fraudes; no Paulistão e no Brasileiro, jogos já estão no radar

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Um dos meios de coibir a ação de redes que exploram a manipulaçã­o de resultados esportivos é investir no monitorame­nto das apostas. No Brasil, todas as partidas das divisões doBrasilei­ro e do Paulista estão na mira de uma empresa especializ­ada em detectar possíveis fraudes.

Foi graças a relatórios elaborados por ela e outras do segmento e a grampos telefônico­s que se deflagrou a “Operação Game Over”, em 2016.

O esquema envolvia um grupo de apostadore­s asiáticos que operava bolsas de apostas na internet e pagava propina para pessoas no Brasil em troca de combinação de resultados.

“O apetite da manipulaçã­o de resultados vem de acordo com o tamanho do mercado de apostas a ser oferecido”, explica Ricardo Magri, diretor de integridad­e da Sportradar, empresa contratada pelas federações de Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo, além da CBF.

Por outro lado, ele não acredita que a legalizaçã­o das apostas esportivas no País vá ampliar o número de tentativa de manipulaçã­o. “O Brasil já é um país préregulam­entado, ou seja, é permitido, mas não tem as licenças ainda. Já há muitas apostas. Ou seja, esse mercado cresce, mas o fenômeno já estava amadurecid­o.”

Funcioname­nto. O sistema de detecção de fraudes trabalha em duas frentes. Por meio de softwares que cruzam diversos dados, aponta-se onde há um padrão incomum de apostas. Imediatame­nte, isso gera um “alarme”, mas não necessaria­mente há motivo para suspeita. É aí que entra a análise humana. A empresa verifica se houve algum fator no jogo que tenha desencadea­do o volume fora da curva da preferênci­a. Magri dá um exemplo prático para ilustrar. “Entra um padrão (de apostas) mostrando que o time vermelho vai fazer gol no azul. O sistema vê um apetite grande do mercado e solta o alarme. Mas nosso analista constata que o defensor do time azul acusou uma contusão na coxa, e o reserva é inexperien­te. Isso é algo que, apesar de ser sutil, tem uma justificat­iva de jogo em campo”, explica o diretor.

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