O Estado de S. Paulo

O Fe d amarelou?

- JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS ✽ ECONOMISTA ESÓ C IOD A MB ASSOCIADOS. ESCREVE QUINZENALM­ENTE

Na última reunião de 2018, o banco central americano elevou a taxa de juro pela quarta vez no ano, em 0,25 ponto, ao mesmo tempo que deixou telegrafad­o que teríamos mais duas altas neste novo ano. Daí a surpresa com o ocorrido na reunião de 30 de janeiro, quando o Federal Reserve surpreende­u a muitos ao anunciar que a taxa de juro não mais subiria por um tempo indefinido, numa brusca mudança de trajetória. Simultanea­mente, em outra ocasião, também se colocou que eventualme­nte seria suspensa a diminuição do tamanho do balanço do banco central, despressio­nando a liquidez do mercado.

As razões alegadas eram que correntes cruzadas (“cross currents”) tinham emergido recentemen­te, como o cresciment­o menor na China e na Europa, tensões comerciais, o risco de a Inglaterra sair da Comunidade Europeia sem nenhum acordo e uma paralisia de parte do governo federal. As condições financeira­s também haviam piorado.

A primeira razão para surpresa é que nenhum dos itens listados, com exceção da paralisia parcial do governo americano, eram novos, sendo sobejament­e conhecidas já em dezembro.

Adicionalm­ente, dois dias depois do anúncio, os dados do mercado de trabalho mostraram um vigor surpreende­nte, tendo sido criados 304 mil empregos novos, número muito superior ao esperado, mesmo consideran­do as revisões dos dados de novembro e dezembro. Na mesma data, a produção industrial também mostrou grande força.

Em resumo, não é evidente que tenha havido uma súbita desacelera­ção da economia.

A questão mais substantiv­a, entretanto, vem de dois tipos de reclamação quanto à política monetária. De um lado, as fortes quedas nas Bolsas no fim do ano detonaram muitas queixas por parte do mercado, como sempre ocorre quando se perde dinheiro.

O pior, entretanto, é que, ao longo do mês de dezembro, o presidente Donald Trump, com sua proverbial educação e delicadeza, passou a atacar com ferocidade apolítica doFed,ped indo explicitam­ente o final das elevações da taxa de juro. É, portanto, muito natural que inúmeros analistas tenham manifestad­o desconfort­o em relação à decisão do banco central.

Partilho desse desconfort­o, porque minha preocupaçã­oéc oma capacidade de Trump de minar sistematic­amente a governança e o funcioname­nto das instituiçõ­esamerican­as, onde a independên­cia, de fato, do banco central joga um papel relevante.

O convite, neste momento, para o dr. Powelljant arna Casa Branca após a decisão dos juros não te venada de inocente.

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O mercado de automóveis vive um momento difícil. Após atingir um pico em 2018, a demanda deve começara encolherem virtude da desacelera­ção da economia global. Na verdade, além da queda cíclica, existem várias razões estruturai­s para olhar o futuro com preocupaçã­o.

As novas gerações dos países de média e alta renda não têm tanto interesse na posse de um veículo como ocorreu por décadas no passado. Os mais jovens gastam dinheiro em telefones e outros equipament­os. Além disso, muita gente dá hoje a preferênci­a ao uso da bicicleta e outros veículos de duas rodas. Finalmente, há um agrande aceitação pela utilização de serviços de compartilh­amento de veículos, mercado aber tono mundo inteiro pelo U ber.

Além disso, a questão ambiental já começa apesar nos etor.Fortesr estrições às emissões de poluentes estão empurrando a demanda para os carros elétricos. Neste ano, os volumes vendidos desses veículos vão crescer bastante, inclusive pelou sode carros pequenos nos serviços de compartilh­amento.

Nos EUA a predileção pelas grandes peruas (SUVs) e picapes radicalizo­u, de sorte que a demanda por sedãs vem diminuindo fortemente. A Chrysler, que já não produz esse tipo de veículos há mais de cinco anos,éa empresa que tem melhores resultados entre as grandes. Isso levou a GM a anunciar o fechamento de cinco fábrica se a redução no seu quadro funcional, remanejand­o o portfólio de produtos.

Esseéo pano de fundo do aperto que a matriz deu na GM brasileira para melhorar seus resultados. Nessa direção, a empresa está buscando um tratamento preferenci­al do governo estadual paulista, visando a liberação de créditos acumulados de ICMS.

Pergunta-se: algum dia vai terminara constante busca por favores fiscais por parte do setor automotivo?

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