Mulheres chegam com força para a festa do Grammy
Ao aumentar o número de inscritos nas principais categorias, 61ª edição tem presença histórica feminina
A representação de mulheres no Grammy pode ser histórica. Depois de uma reclamação formal feita por parte da classe artística com relação à edição de 2018, quando elas se sentiram injustiçadas pela supremacia masculina sobretudo nas categorias principais, a direção agiu rápido e o reflexo chegou na mesma velocidade. As quatro nomenclaturas mais almejadas, gravação do ano; canção do ano; álbum do ano e artista revelação, tiveram o número de nomeações ampliado de cinco para oito. E elas vieram.
Existe então um teste interessante na noite deste domingo, dia 10, com a realização da 61ª edição do Grammy. Se as mulheres de fato levarem a melhor ao menos na maioria dessas indicações, elas comprovam que faltava sim um olhar com mais carinho para suas produções em edições anteriores e fazem cair o argumento de certo protecionismo machista de que as boas mesmo já eram premiadas.
Seria de qualquer forma reducionista assistir a esse Grammy como um embate de gêneros, mas tudo leva a crer que a dança seguirá essa toada. Ao se pronunciar sobre a polêmica, fica nas entrelinhas que as artistas mulheres não querem vencer os homens, mas terem chances reais de vencer.
Brandi Carlile é uma cantora folk de vocal jopliniano saturado e cortante que aparece em seis categorias, a mulher mais indicada do ano. Seus vídeos não estão entre os bilionários de views, mas suas canções são acessadas ferozmente por uma plateia que só cresce. Outra peso pesado será Janelle Monáe, já chamada de James Brown dos novos tempos (um flagrante exagero), que tem crescido como atriz (em filmes como Moonlight e Estrelas Além do Tempo) e que traz a força do álbum Dirty Computer, com participações de Brian Wilson (a lenda) e Stevie Wonder (a lenda além da lenda).
Há ainda H.E.R., de uma idioma R&B, classudo e noturno, que deve competir na categoria artista revelação com os garotos roqueiros que nasceram na era errada, Greta Van Fleet. Há um pontinho histórico também se Lady Gaga levar o gramofone de gravação do ano por Shallow, trilha de Nasce Uma Estrela. Poderá um filme fazer a festa fora da categoria que lhe abrigaria?