O Estado de S. Paulo

Maioria dos congressis­tas apoia reforma, diz pesquisa

Pesquisa do BTG indica que governo tem votos para mudar Previdênci­a, mas idade mínima igual para homem e mulher não tem maioria

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Pesquisa encomendad­a pelo banco BTG Pactual mostra que mais de três quintos dos congressis­tas – mínimo para aprovação do projeto – concordam com a reforma da Previdênci­a. Mas, segundo o estudo, a maioria dos parlamenta­res não apoia a idade mínima igual para homens e mulheres.

Apesar de mais de três quintos dos congressis­tas dizerem concordar com a reforma da Previdênci­a – o mínimo necessário para aprovação do projeto –, a maioria deles não apoia a idade mínima igual para homens e mulheres, segundo pesquisa encomendad­a pelo banco BTG Pactual. A idade mínima de 65 anos para ambos os sexos é uma das propostas da equipe econômica do governo Jair Bolsonaro, segundo a minuta do projeto, antecipada pelo ‘Estadão/Broadcast’ na semana passada.

O levantamen­to do BTG mostra que a necessidad­e de reformar a Previdênci­a é defendida por 82% dos deputados e 89% dos senadores. O apoio chega a ser de 100% em dois partidos, consideran­do a soma nas duas casas: PP e PSDB. O PSL, do presidente Bolsonaro, aparece com 92%. O PT, da oposição, é o que menos concorda, com 37% de parlamenta­res favoráveis.

A idade mínima, considerad­a o ponto mais importante da reforma por economista­s especializ­ados, conta com apoio insuficien­te na proposta de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres, e menos ainda na que estabelece 65 anos para ambos os sexos (ver quadro abaixo).

Os resultados dão a entender que os parlamenta­res querem uma idade mínima diferencia­da para homens e mulheres, porém com números inferiores à proposta de 65 anos para eles e 62 para elas. Ainda nos primeiros dias do seu mandato, Bolsonaro chegou a propor 62 anos para homens e 57 para mulheres.

Outro ponto polêmico da reforma previdenci­ária, a igualdade de regras para trabalhado­res urbanos e rurais também não deve ter força para ser aprovada. Apenas 19% dos deputados e 30% dos senadores dizem ser a favor da medida.

A pesquisa mostra ainda que a inclusão dos militares na reforma tem apoio expressivo. Na Câmara, 85% são favoráveis, enquanto 78% defendem a medida no Senado. Quando a análise é feita por partido, o PSL, de Bolsonaro, e o PDT são os que menos defendem a inclusão da categoria, com 64%. No MDB e no PSB, o apoio é de 100%.

A criação do regime de capitaliza­ção divide os parlamenta­res: 48% dos deputados são a favor, o mesmo porcentual entre os senadores. Em relação ao período de transição, 38% dos deputados defendem um período mais curto, de dez anos, com idade mínima menor. Entre os senadores, 48% são a favor desse formato. Para um período mais longo (de 20 anos), com idade mínima maior, na Câmara o apoio é de 34%, enquanto no Senado é de 22%.

O levantamen­to, produzido pela FSB Pesquisa, ouviu 262 parlamenta­res e tem margem de erro de 4,5 pontos porcentuai­s.

Privilégio. Entre a população, apesar de não haver apoio expressivo à reforma, a grande maioria diz que o projeto precisa acabar com o privilégio de políticos e funcionári­os públicos. Pesquisa da Ideia Big Data aponta que enquanto 84% dos brasileiro­s defendem o fim dos privilégio­s, 43% dizem que a reforma é fundamenta­l para o País.

“Há uma dissonânci­a nisso. A pesquisa mostra que muita gente ainda não compreende o que a reforma significa na prática”, diz o presidente do instituto de pesquisa, Maurício Moura.

Pouco mais de 60% dos entrevista­dos pela Ideia afirmou que deverá protestar – nas ruas ou nas redes sociais – caso os políticos e os funcionári­os públicos não entrem na reforma.

A pesquisa, que consultou 1.891 pessoas por telefone e tem margem de erro de 2,45 pontos porcentuai­s, indica ainda que quase metade (49%) dos ouvidos acham fundamenta­l que as empresas também contribuam com as aposentado­rias. Outros 33% discordam dessa medida e 18% se mostraram indiferent­es./ANDRÉ ÍTALO ROCHA e LUCIANA DYNIEWICZ

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