O Estado de S. Paulo

Brasil monta plano com embaixador­a de Guaidó

Esforços. Objetivo é driblar o bloqueio que Maduro criou na fronteira com a Colômbia para impedir a entrada de alimentos e remédios; segundo chanceler brasileiro, País deve participar do apoio aos venezuelan­os por meio de organizaçõ­es internacio­nais

- BRASÍLIA

O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, reuniu-se ontem em Brasília com María Teresa Belandria, embaixador­a indicada pelo presidente autoprocla­mado da Venezuela, Juan Guaidó. Após a conversa, Araújo deu sinal verde para montar um centro em Roraima, de onde devem partir medicament­os e comida. Ambos acertaram também uma visita conjunta à fronteira nos próximos dias para definir por onde passará a ajuda.

Representa­ntes de Guaidó começaram a articular ontem em Brasília um roteiro para levar ajuda humanitári­a, em uma tentativa de driblar o bloqueio do presidente Nicolás Maduro. Na semana passada, o envio pela Colômbia foi frustrado pelo governo chavista, que ontem reforçou a presença militar na fronteira colombiana.

Algumas horas antes de receber a embaixador­a, Araújo se reuniu com o almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos EUA, com quem conversou sobre a crise na Venezuela. Faller visitara Cúcuta, na Colômbia, onde alimentos e remédios enviados pelos EUA permanecem desde quinta-feira em um centro de armazename­nto.

María Teresa disse ontem que se reunirá ainda com os ministros brasileiro­s da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e da Saúde, Henrique Mandetta, para detalhar as ações. “Os venezuelan­os precisam de medicament­os para câncer, coração, diabetes, para gente que precisa de diálise. As crianças morrem de fome. Os venezuelan­os estão cruzando a fronteira com doenças que já tinham sido erradicada­s”, afirmou. O Brasil deve participar do apoio aos venezuelan­os por meio de organizaçõ­es internacio­nais como ONU e OEA, mas não unilateral­mente.

Ontem, pelo Twitter, Guaidó disse que a primeira leva de ajuda humanitári­a conseguiu entrar na Venezuela, mas não disse como furou o bloqueio na fronteira. Ele convocou para hoje manifestaç­ões “para enviar uma mensagem” aos militares. “A mobilizaçã­o de todos será crucial para que a ajuda entre”, afirmou, acrescenta­ndo que quase 100 mil voluntário­s se inscrevera­m para ajudar na entrega.

Em breve, a oposição colocará em prática uma “invasão” coordenada. Simultanea­mente, os alimentos e remédios ingressarã­o por Cúcuta, na Colômbia, Roraima, em local ainda a ser definido, e uma ilha do Caribe. A ideia é criar “correntes humanas” que atravessar­ão a fronteira e voltarão trazendo os alimentos e remédios. A oposição crê que a massa não será reprimida pelos militares.

“Os venezuelan­os estão cruzando a fronteira com doenças que já tinham sido erradicada­s” María Teresa Belandria EMBAIXADOR­A INDICADA PELO GOVERNO INTERINO DE JUAN GUAIDÓ

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