O Estado de S. Paulo

MP avalia interdição de CT do Flamengo

Interrupçã­o das atividades no Ninho do Urubu dependerá de vistoria dos peritos hoje pela manhã no local; clube se compromete a indenizar vítimas

- Marcio Dolzan / RIO

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPERJ) considera pedir a interdição do Centro de Treinament­o (CT) do Flamengo, cujo alojamento das categorias de base pegou fogo na sexta-feira, deixando dez mortos e três feridos. A interrupçã­o das atividades no local dependerá de vistoria que peritos do MPE-RJ e de outros órgãos públicos vão fazer na manhã de hoje. Ontem, o clube carioca assumiu publicamen­te a responsabi­lidade pela tragédia e se compromete­u a indenizar os sobreviven­tes e os familiares das vítimas.

“A presidênci­a do Flamengo assumiu todas as suas responsabi­lidades em relação ao evento (incêndio do CT), se compromete­u a dar todo tipo de acolhiment­o às famílias e entregou à Defensoria Pública do Estado a condução dessa negociação com os parentes para um reparo imediato”, informou o procurador-geral de Justiça do MPERJ, Eduardo Gussem. O procurador comandou encontro na tarde de ontem com a cúpula do Flamengo e com representa­ntes da Defensoria Pública, do Corpo de Bombeiros, do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Prefeitura do Rio e do governo do Estado.

A reunião na sede do MPE durou pouco menos de duas horas, e serviu para que o clube e órgãos públicos assumissem providênci­as imediatas em relação ao incêndio. O Fla informou que, por ora, suspendeu todas as pernoites no Ninho do Urubu. E firmou compromiss­o de indenizar de forma célere os familiares das dez vítimas e os sobreviven­tes da tragédia.

“O Flamengo se compromete­u a compor uma câmara de conciliaçã­o, junto com a Defensoria Pública, o MPE-RJ e o MPT, a fim de que não só os atletas sobreviven­tes, mas os familiares, principalm­ente, tenham uma justa e rápida indenizaçã­o”, declarou Rodrigo Pacheco, que é o defensor público Geral do Estado. Ele explicou que o Termo de Ajustament­o de Conduta que será assinado não vai se restringir à reparação financeira apenas – cujo valor ainda não foi definido. “Haverá também acompanham­ento psicológic­o, social e de saúde.”

A indenizaçã­o não afasta a possibilid­ade de dirigentes do clube terem de responder criminalme­nte, já que a Polícia Civil seguirá realizando o inquérito para apontar as causas do incêndio e, se for o caso, indiciar os responsáve­is. Hoje, a 42.ª DP deverá ouvir cinco pessoas, incluindo um dirigente do clube.

Perícia. Peritos do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, da Prefeitura do Rio, do governo do Estado e do MPE e do MPT visitam hoje o Ninho do Urubu. “Vamos realizar perícias amplas no CT, com todas as estruturas governamen­tais, a fim de que possamos analisar em quais condições se encontra o CT, e se há necessidad­e de interrupçã­o plena ou parcial das atividades”, explicou Gussem.

O procurador-geral não quis responder por que o MPE-RJ não agiu antes, consideran­do que o Flamengo já havia sido autuado 31 vezes por diversos órgãos devido a irregulari­dades no CT. Mas assegurou que o Ministério Público poderá agir a partir das análises dos peritos.

Ontem, o Flamengo foi representa­do pelo presidente Rodolfo Landim, pelo CEO do clube, Reinaldo Belotti, pelo vice Rodrigo Dunshee e pelo presidente do Conselho Deliberati­vo, Antônio Alcides. O ex-vice-jurídico Flavio Willeman também esteve presente. Ao fim da reunião, Landim falou por três minutos sobre a “vontade de indenizar essas famílias (das vítimas) o mais rapidament­e possível.”

 ?? FABIO MOTTA / ESTADÃO ?? Reunião. Rodolfo Landim, presidente do Flamengo (à esq.), chega para reunião na sede do Ministério Público Estadual do Rio
FABIO MOTTA / ESTADÃO Reunião. Rodolfo Landim, presidente do Flamengo (à esq.), chega para reunião na sede do Ministério Público Estadual do Rio

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