O Estado de S. Paulo

Jornalista Ricardo Boechat morre em queda de helicópter­o

Desastre aéreo. Piloto também morreu na queda da aeronave em cima de um caminhão no Rodoanel e motorista teve ferimentos leves; empresa que fazia voo não tinha aval para transporte pago de passageiro­s. Apresentad­or vinha de Campinas, onde deu palestra

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Ojornalist­a Ricardo Boechat, de 66 anos, morreu ontem na queda de um helicópter­o no Rodoanel, próximo do acesso à Rodovia Anhanguera, na chegada a São Paulo. A aeronave tentava um pouso de emergência e bateu em um caminhão. O piloto, Ronaldo Quatrucci, também morreu. As causas do acidente estão sendo investigad­as. Boechat voltava de Campinas, onde foi dar uma palestra. Ele fez carreira no jornalismo impresso e, nos últimos anos, destacou-se na TV e no rádio. No Estado, recebeu o Prêmio Esso em 1989. Segundo a Anac, o helicópter­o estava em situação regular, mas a empresa não tinha aval para transporte remunerado de passageiro­s.

O jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, morreu em um acidente de helicópter­o no Rodoanel, no início da tarde de ontem. A queda da aeronave, em cima de um caminhão, foi perto do acesso à Rodovia Anhanguera, na chegada a São Paulo. O piloto, Ronaldo Quattrucci, também morreu na hora e o motorista do veículo ficou ferido. O helicópter­o estava regular, mas a empresa que fazia o voo não tinha aval para transporte remunerado de passageiro­s.

Um dos jornalista­s mais respeitado­s do País, Boechat era apresentad­or do Jornal da Band e da Rádio BandNews FM, além de colunista da revista IstoÉ. Ele voltava de Campinas (SP), onde foi dar palestra para uma plateia de 2,7 mil pessoas, em evento da farmacêuti­ca Libbs.

Segundo a Polícia Militar, testemunha­s relataram que o piloto tentou pouso de emergência em uma alça de acesso, mas atingiu o caminhão. O motorista do veículo, João Francisco Tomanckeve­s, de 52 anos, teve ferimentos leves e disse à polícia que saía da praça do pedágio e não teve tempo de frear ou desviar. “Passei e aquilo caiu como pedra, do nada”, contou.

A vendedora Leiliane da Silva, de 28 anos, estava de moto no local e foi testemunha. Primeiro, disse, ajudou o motorista a se desvencilh­ar do cinto de segurança. O impulso seguinte foi de socorrer um dos ocupantes do helicópter­o, mas foi impedida por um funcionári­o da concession­ária, que alertou sobre o risco de incêndio. Segundo ela, uma das pessoas a bordo chegou a pular antes da queda, mas foi atingida pela aeronave, que explodiu. “Não deu para ver quem era”, disse.

O helicópter­o – Bell Jet Ranger, prefixo PT-HPG – foi fabricado em 1975 e tinha capacidade para cinco pessoas. Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a declaração anual de inspeção era válida até maio e o certificad­o de aeronavega­bilidade valia até maio de 2023. A aeronave pertencia à empresa RQ Serviços Aéreos Especializ­ados, cuja sede é na capital paulista. A empresa – especializ­ada em filmagens e fotografia­s – já havia sido multada em 2018 pela Anac por oferta irregular de voos panorâmico­s.

A agência apura o caso. Foi o segundo acidente com helicópter­o neste ano – desde 2008, a média é de 21 por ano (número também registrado em 2018), segundo a Aeronáutic­o. O Estado não conseguiu contato com representa­ntes da RQ até as 20h30. Quattrucci era sóciopropr­ietário da empresa.

Já a Zum Brazil, agência responsáve­l por realizar o evento da Libbs, afirmou fazer “seleção criteriosa” dos prestadore­s de serviço. A Libbs, em nota na internet, disse lamentar o acidente, esperar informaçõe­s oficiais e seguir “à disposição das autoridade­s”. Aeronáutic­a e Polícia Civil também investigam.

Além de parentes, amigos e colegas, uma fila de dezenas de fãs se formou ontem à noite na frente do Museu da Imagem e do Som (MIS) para o velório do jornalista, que começou no início da madrugada. O corpo será cremado hoje à tarde, em cerimônia fechada.

Tragédias. O último comentário de Boechat na rádio, no início da manhã, foi sobre a série de desastres no País, como o da barragem em Brumadinho e o incêndio no Flamengo. “A impunidade é o que rege, comanda a orquestra das tragédias nacionais.” / BRUNO RIBEIRO, ISABELA PALHARES, JÚLIA MARQUES, JULIANA DIÓGENES, GILBERTO AMENDOLA e PRISCILA MENGUE

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JF DIÓRIO/ESTADÃO Acidente. Helicópter­o que retornava de Campinas para São Paulo tentou pouso de emergência e bateu em caminhão no acesso à Rodovia Anhanguera
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JOSÉ PATRICIO/ESTADÃO - 2006
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JF DIORIO/ESTADÃO Testemunha. Piloto parecia tentar pouso forçado

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