PAÍS QUE NÃO APRENDE
Repensar o Estado
A sequência de tragédias evitáveis que vêm acontecendo no Brasil evidencia a necessidade de repensarmos o Estado brasileiro, que exibe total ausência da esperada tutela do poder público, cujos agentes, no conforto de seus privilégios, insistem na desobrigação de executar, fiscalizar, legislar e julgar responsabilidades. Todos vimos os poucos que põem as mãos na lama e os muitos que estão cobertos pelo lodo da omissão. Nada mais adequado para exemplificar que a frase de Gilmar Mendes sobre ser investigado pela Receita: “Se eles fazem isso com um ministro do STF, o que não estarão fazendo com o cidadão comum?”. Pois é, para os integrantes do Estado, nós somos apenas isso, meros cidadãos comuns. HONYLDO R. PEREIRA PINTO honyldo@gmail.com
Ribeirão Preto
Exaustão
O Estado conta com a apatia das pessoas, como mencionou Leandro Karnal no Estadão de 9/2. Em outros países, lembrou, há medo da Justiça. Aqui o medo é dos danos eleitorais. Assim, soluções preventivas inexistem. Mas bodes expiatórios são apontados de pronto. Não somos coniventes, porém nos falta a indignação organizada, com atos de protesto nas ruas. A Justiça é lenta e em todas as tragédias, após anos não há um único preso sequer. Autoridades em todos os níveis nunca são responsabilizadas, como se nada tivessem que ver com o acontecido. Que o poder público cobre e seja vigilante e a iniciativa privada passe a ter certeza da punição em tantos casos tristes, como Brumadinho e Flamengo. Não adianta as autoridades enviarem condolências às famílias e se solidarizarem. Isso é importante, mas mais importante é cobrar responsabilidades. Sim, fatalidades existem. Mas o que tem acontecido no Brasil não são fatalidades, mas fruto de descaso, egoísmo e interesses puramente pessoais e indiferença à dor do próximo. Estou cansada deste país, do qual não sinto mais orgulho. E não me venham com patriotadas que só servem para a parte consciente da população sentir mais asco ainda. Quando vamos ser um povo consciente e amadurecido? ELIANA FRANÇA LEME efleme@gmail.com Campinas