Nos EUA, avança negociação sobre orçamento federal
Congressistas republicanos e democratas correm contra o tempo para evitar uma nova paralisação do governo americano
Congressistas democratas e republicanos chegaram ontem à noite a um acordo de princípio para evitar uma nova paralisação do governo americano. O acordo foi anunciado por um grupo de legisladores, que inclui o senador republicano Richard Shelby e a democrata Nita Lowey.
Ambos os lados tentam aprovar um texto que obtenha apoio do presidente Donald Trump até sexta-feira – último dia antes de acabar o prazo para financiar parcialmente cerca de 800 mil funcionários públicos.
Trump insiste em obter US$ 5,7 milhões para cumprir a promessa de campanha de construir o muro. Os democratas não aceitam. Para evitar a nova paralisação, a Câmara dos Deputados, controlada pelos democratas, e o Senado, dominado pelos republicanos, precisam aprovar um orçamento que Trump esteja disposto a assinar.
No fim de semana, as negociações fracassaram em razão de uma nova exigência dos democratas: cortar o número de camas disponíveis para imigrantes detidos na fronteira. A Casa Branca pediu US$ 4,2 milhões para aumentar o número de leitos de 40 mil para 52 mil – os americanos têm hoje 49 mil imigrantes presos na fronteira, 9 mil a mais do que a capacidade de acomodação.
A exigência dos democratas é manter o número de camas em 16,5 mil para forçar o governo a afrouxar as prisões. Segundo congressistas da oposição, os agentes de fronteira têm exagerado na repressão e mantido pessoas sem registro criminal encarceradas na fronteira.
A proposta foi mal recebida pelos republicanos. “Esta proposta não tem nenhuma base na realidade”, disse Mitch McConnell, líder republicano do Senado. “Os democratas vieram com esse número arbitrário que alguns deputados tiraram do nada.”
Ontem, Trump foi à cidade de El Paso, no Texas, fronteira com o México, para um comício organizado para convencer a opinião pública sobre a necessidade de construir um muro. A visita, porém, não foi bem recebida pela comunidade local. Uma marcha contra o muro ocorreu durante a visita.
“O presidente está simplesmente errado sobre o muro e errado sobre El Paso”, disse Jon Barela, republicano e diretor da Borderplex Alliance, organização que promove o desenvolvimento econômico em um centro industrial das cidades de El Paso, Ciudad Juárez e Las Cruces.
Barela contestou a afirmação de Trump de que as cercas reduziram os crimes violentos em El Paso, apontando dados do FBI que mostram que a cidade está classificada há décadas entre as áreas urbanas mais seguras do seu tamanho nos EUA, muito antes de as autoridades americanas começarem a construir cercas ao longo do fronteira, quase uma década atrás.
Dee Margo, prefeito republicano de El Paso, também criticou o presidente. “O muro não interfere na segurança da cidade”, disse. A deputada Veronica Escobar, democrata recentemente eleita para o Congresso para representar a cidade, pediu a Trump que peça desculpas pelas declarações recentes sobre El Paso. “Nunca fomos uma cidade violenta”, afirmou. “Esta distorção prejudica nossa reputação.”