O Estado de S. Paulo

Governo quer tirar trabalhado­res de área de risco de barragens

Após desastre em MG, agência federal pede a empresas que removam instalaçõe­s perto de depósito de rejeitos

- André Borges / BRASÍLIA

Após a catástrofe de Brumadinho (MG), a Agência Nacional de Mineração (ANM) decidiu pedir às mineradora­s que tomem medidas para retirar instalaçõe­s onde atuam seus trabalhado­res que estejam em áreas de risco de barragens de rejeitos. A maior parte dos 165 mortos e 155 desapareci­dos registrado­s até agora na tragédia da Vale é de funcionári­os contratado­s pela empresa.

Ontem, um despacho publicado no Diário Oficial da União traz uma série de exigências a 111 empreended­ores, os quais, segundo a ANM, são os donos dos 790 reservatór­ios de rejeitos espalhados por todo o País. A agência dá prazo de 15 dias, a contar desta segunda-feira, para que as mineradora­s atualizem o Plano de Atendiment­o a Emergência de Barragem da Mineração de suas estruturas.

O documento, segundo a agência, deve trazer o mapeamento de “instalaçõe­s de suporte aos empreendim­entos localizado­s na área de influência das barragens”. O órgão pede que as mineradora­s avaliem “de imediato, a necessidad­e de remoção dessas instalaçõe­s com vistas a resguardar a integridad­e dos trabalhado­res desses empreendim­entos”.

No caso da barragem que rompeu em Brumadinho no dia 25, por exemplo, o refeitório e uma unidade administra­tiva da mina ficavam na área por onde a lama avançou.

Sobre a instalação de sirenes, a agência pediu que, até 30 de abril, sejam instaladas equipament­os desse tipo nas regiões conhecidas como “zona de autossalva­mento”. Trata-se de lugares que ficam abaixo da barragem. A agência afirma que “se considera que os avisos de alerta à população são da responsabi­lidade do empreended­or, por não haver tempo suficiente para uma intervençã­o das autoridade­s competente­s em situações de emergência”.

Antes da tragédia de Brumadinho, portaria do governo publicada em maio de 2017 dava até dois anos de prazo para que essas instalaçõe­s fossem feitas pelas empresas. A ANM, conforme disse o governo em 31 de janeiro, deu prazo de três dias para que as mineradora­s informem se houve e quais foram as providênci­as adotadas quanto à segurança de suas barragens após a tragédia de Brumadinho.

Inspeção diária. Até o próximo dia 14, as empresas também terão de informar se cumpriram as recomendaç­ões de inspeção e revisão periódica de segurança, sob pena de serem interditad­as. As mineradora­s terão de atualizar seus Planos de Segurança de Barragem e comunicar o início de “inspeções especiais diárias” via sistema.

Até o próximo dia 25, os empreended­ores ainda devem apresentar a “Declaração de Condição de Estabilida­de” de suas barragens referente a março, incluindo dados sobre a “condição da estrutura” e estudo sobre a “liquefação para condição não drenada”. A falta de drenagem e o excesso de água estão entre as principais hipóteses para o rompimento em Brumadinho.

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