O Estado de S. Paulo

Especialis­tas apontam uma sucessão de erros

Falta de várias medidas simples contribuiu para o incêndio, que deve servir para determinar novos parâmetros de segurança

- C.C.

Uma tragédia provocada por uma sucessão de erros e uma oportunida­de para repensar estratégia­s. Especialis­tas em prevenção a incêndios ouvidos pelo Estado afirmam que a tragédia no alojamento do Flamengo serve como reflexão, principalm­ente para se determinar novos parâmetros de segurança.

Para o professor da Escola Politécnic­a da Universida­de de São Paulo (USP) e especialis­ta em incêndios Valdir Pignatta e Silva, a tragédia da última sexta no Ninho do Urubu pode ter um impacto similar ao dos incêndios nos edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo, na década de 1970. Depois desses episódios, as regulament­ações e vistorias se tornaram mais rígidas.

“Com áreas pequenas, como era o caso do Flamengo, os bombeiros não costumam fazer exigências, porque se supõe que as pessoas vão deixar o local facilmente. Mas vamos ter de repensar isso. Temos sempre de aprender com os grandes incêndios. Fogo em um alojamento montado em um contêiner é inédito”, explicou.

O professor explicou que um possível problema foi o clube ter colocado grades nas janelas do contêiner. A medida buscava evitar furtos, mas dificultou a tentativa dos garotos de fugirem das chamas.

Na opinião do consultor em gerenciame­nto de riscos Marcelo Augusto Souza, o maior problema não foi a escolha pelo contêiner, mas sim a falta de medidas simples. “Se tivesse sensores de temperatur­a com uma sirene, existiria tempo para fugir. Mas a fumaça tomou conta do espaço antes mesmo de qualquer reação”, explicou o especialis­ta, que trabalha há 20 anos na área.

Segundo o consultor, a fiscalizaç­ão do poder público sobre incêndios costuma ser falha. “Nunca vai se estar 100% seguro contra o fogo. No máximo se pode diminuir a probabilid­ade de que algo grave aconteça”, afirmou./

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