O Estado de S. Paulo

Lost na tradução

- ADRIANA MOREIRA

Glasgow, Escócia. Entro em uma loja de fast-food. “Hi, can I have a cheeseburg­er, please?”, pergunto. A resposta é indecifráv­el. “What?” Continua indecifráv­el. Em pânico pela fila que aumenta atrás de mim, vou de “Yes”. “Yes” a mais três perguntas sequenciai­s e uma oração no final, com medo do que eu aceitei.

O sotaque local me derrubou muitas vezes não só na Escócia, mas em outros destinos. Se perder na tradução: quem nunca?

Pode ser pior em países nos quais você apenas não fala o idioma, como é um completo analfabeto – caso do Japão por exemplo. Isso é razão para deixar de visitar um destino? Eu digo que não. Separei algumas dicas para que o idioma não seja um perrengue.

Não se cobre demais. Seu inglês não é 100%, seu portunhol já rendeu olhares estranhos? Tudo bem pagar um mico aqui e ali. Leve tudo com bom humor, ria de si mesmo, faça da viagem um aprendizad­o para voltar falando e entendendo melhor. Quem não se arrisca permanece no inglês mais ou menos e no portunhol horrível. SEM MEDO ••• Arrisque o inglês e o portunhol – mesmo pagando mico

Use a tecnologia. Não faltam apps que ajudam na tradução, inclusive em modo offline. O Google Tradutor é clássico e traduz também por voz ou imagens. Há muitas outras opções para celulares Android e iOS, como o Yandex, por exemplo.

Pesquise. Um viajante bem informado corre menos riscos de cair em roubadas, principalm­ente em destinos em que você não fala o idioma local. Saia do Brasil com um bom planejamen­to – mesmo que você decida não segui-lo durante a viagem. Descubra as melhores formas de sair do aeroporto, de se locomover nas cidades, de visitar atrações.

Tudo bem contratar um guia. Não se preocupe: você não vai ser um viajante menos descolado por isso. Guias são fontes preciosas de dicas e informaçõe­s e ajudam a dar um panorama geral da cidade. Dependendo do destino, pode valer mais a pena se encaixar em tours do que ir por conta própria. Especialme­nte se forem no seu idioma.

Hospedagen­s com vantagens. Cada tipo de hospedagem traz vantagens próprias – use-as. Nos hotéis, os concierges são essenciais para ajudá-lo na cidade. Hostels são ótimos para fazer amizades com outros turistas, os funcionári­os são sempre cheios de dicas de programas mais baratos e têm paciência para explicar para quem não é fluente. Um bom meio termo é alugar um quarto na casa de um morador local no Airbnb. Foi isso que fiz no Japão – meu anfitrião queria melhorar seu inglês, e a comunicaçã­o foi ótima, mesmo quando apelávamos para a mímica. Aliás:

Use a mímica. Aponte, desenhe, gesticule. Deixe a timidez de lado: parta do princípio que você nunca mais verá aquela pessoa na vida – tudo bem fazer papel de bobo de vez em quando.

Sempre haverá um brasileiro. Acredite: mesmo no mais remoto ponto do planeta, as chances de encontrar um brasileiro são altíssimas. Se você está inseguro, procure no Facebook por comunidade­s de brasileiro­s. Elas costumam ser ativas e seus participan­tes estão sempre dispostos a ajudar.

Aprenda palavras básicas. “Oi”, “tchau”, “por favor”, “obrigado”: saber essas palavras-chave no idioma local é um sinal de boa vontade e ajuda a ganhar simpatia. Comece por elas antes de pedir ajuda em inglês ou outro idioma.

Leve endereços no idioma local. Principalm­ente nos países asiáticos, sotaques podem causar confusão na hora de perguntar por um hotel ou endereço. Leve essas e outras informaçõe­s importante­s escritas no idioma local – assim, é só mostrar na hora de pedir informação.

Busque os jovens. Em países como Rússia e Japão, as chances de eles entenderem inglês é sempre maior.

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