Guaidó promete entrada de ajuda a partir do dia 23
Crise na Venezuela. Em discurso em Caracas, líder opositor pede pelo menos 250 mil voluntários para buscar alimentos e remédios que estão bloqueados na fronteira com a Colômbia e anuncia que Brasil também será ponto de entrada de mantimentos
Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino da Venezuela, disse ontem que a ajuda humanitária enviada pelos EUA entrará no país no dia 23 – um dos pontos é via Roraima. Ele reuniu milhares de apoiadores em Caracas.
“Trump serve aos interesses da extrema direita e da Ku Klux Klan, que comanda a Casa Branca” Nicolás Maduro
PRESIDENTE
VENEZUELA
Milhares de pessoas saíram ontem às ruas da Venezuela para demonstrar apoio ao líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente do país. Em discurso à multidão, em Caracas, ele prometeu que a ajuda humanitária enviada pelos EUA entrará na Venezuela no próximo dia 23 e pediu que as Forças Armadas não bloqueiem a entrara de comida e remédio no país.
Guaidó, reconhecido por quase 50 países como presidente interino da Venezuela, não detalhou como seria a operação. No palanque, ele pediu que 250 mil pessoas sejam voluntárias na operação que começará neste fim de semana. “Teremos de ir em caravanas”, afirmou. “Apostaram em nos dividir, e aqui estamos mais unidos e fortes do que nunca. A ajuda humanitária vai entrar de qualquer maneira na Venezuela, pois o usurpador vai ter de partir.”
Guaidó voltou a pedir que as Forças Armadas deixem de apoiar o chavismo. Ele disse que promulgará uma “ordem direta” para que os militares permitam a entrada da ajuda. “Vocês terão alguns dias para se colocar ao lado da Constituição e da humanidade. São as vidas de 300 mil venezuelanos que estão em risco”, afirmou. “Quem estaria disposto a se machucar por alguém que não protege ninguém? Quem estaria disposto a ir à guerra por alguém que não tem respaldo popular?”
Aos gritos de “Liberdade” e “Guaidó”, os opositores protestaram nas principais cidades da Venezuela. Em Caracas, milhares se reuniram na zona leste, onde o opositor discursou. “A partir de hoje (ontem), Roraima, no Brasil, se inscreve como um segundo ponto de coleta de ajuda humanitária”, disse Guaidó. A multidão aplaudiu o líder opositor assim que ele mencionou o Brasil.
As mobilizações coincidem com o Dia da Juventude, para recordar os 40 mortos nos protestos contra Maduro, em janeiro. Em contrapartida, o líder chavista comandou uma passeata de jovens de esquerda contra a “intervenção imperialista” na Praça Bolívar, centro da capital, onde o governo reúne assinaturas de repúdio ao presidente americano, Donald Trump.
Maduro, que chama de “show político” a chegada de ajuda, nega que exista uma “emergência humanitária” no país e atribui a falta de medicamentos e de alimentos a uma “guerra econômica” da direita e às duras sanções americanas.
Ontem, em entrevista à BBC, Maduro disse que a escassez de alimentos e de medicamentos está sendo usada por Washington e pela oposição para dizer que há uma crise humanitária e, assim, justificar uma intervenção militar na Venezuela.
O presidente também criticou duramente Trump. “Ele está servindo aos interesses da extrema direita e da Ku Klux Klan, que comanda a Casa Branca”, disse o venezuelano. “Trump é um supremacista branco confesso. Eles nos odeiam e nos diminuem porque só acreditam em seus interesses.”
Segundo Maduro, os EUA “estão instigando a guerra para tomar a Venezuela”. “Esta é uma parte da charada. Mas nós dizemos a eles que não queremos suas migalhas, sua comida tóxica, seus restos. Não precisamos implorar nada para ninguém.”
Apesar das críticas, o chavista descartou a possibilidade de um confronto entre suas tropas e os voluntários que queiram ajudar na distribuição de ajuda. “Não haverá nenhuma repressão”, garantiu.