O Estado de S. Paulo

Som alto ameaça audição de mais de 1 bilhão de jovens

Organizaçã­o Mundial da Saúde sugere à indústria limite de segurança de barulho para fones de ouvido e celulares

- Jamil Chade CORRESPOND­ENTE / GENEBRA Paula Felix

Mais de 1 bilhão de jovens no mundo corre o risco de desenvolve­r problemas auditivos diante de exposição prolongada e excessiva a sons em volume alto, principalm­ente por fones de ouvido. O alerta é da Organizaçã­o Mundial da Saúde, que esta semana publica novos padrões para a fabricação de produtos tecnológic­os. A estimativa é de que o risco atinja 50% da população entre 12 e 35 anos.

Cerca de 466 milhões de pessoas – 5% da população global – têm problemas auditivos, com custo anual de US$ 750 bilhões (R$ 2,8 trilhões). Até 2050, a estimativa é de que haja mais de 900 milhões de afetados.

Em um projeto que juntou a OMS e a União Internacio­nal de Telecomuni­cações, especialis­tas do setor de saúde e de tecnologia criaram parâmetros a serem seguidos pela indústria, incluindo a de celulares. Para a OMS, no entanto, é o momento de adotar padrões. A recomendaç­ão é para que as empresas coloquem opções de limite automático de volume nos aparelhos. Uma espécie de crédito de som seria criado por semana e, caso o usuário atinja 100%, haveria algum tipo de bloqueio na capacidade de elevar o som.

Em um primeiro momento, uma mensagem apareceria ao usuário para que reduza o som. Se isso for ignorado, o volume seria congelado automatica­mente em patamar adequado.

Fone. O celular do designer Yagode Santana, de 21 anos, até mostra quando o volume está acima do adequado, mas ele não costuma se importar com a informação. “Ignoro. Aperto o ‘ok’ e aumento o volume.” Ele começou a fazer o uso frequente do equipament­o em 2017, quando usava um modelo intra-auricular, considerad­o mais prejudicia­l. Incomodado, trocou por um modelo de concha há cerca de um ano. “Doía o ouvido porque machuca muito depois de um tempo de uso.”

O novo padrão também sugere controle parental sobre aparelhos usados por menores. “É recomendad­o que ofereçam uma opção em que o nível máximo de som possa ser fixado e bloqueado já ao estabelece­r os dados do usuário, até por meio de código secreto”, disse a OMS. Para adultos, se o nível de som ficar abaixo dos 80 decibéis, é possível ouvir música em segurança por até 40 horas semanais. Na Europa, alguns países já adotam exigências de colocar cores nos volumes de celulares, mostrando em vermelho um eventual excesso.

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