O Estado de S. Paulo

Fórum dos Leitores

-

JUDICIÁRIO X LEGISLATIV­O ‘Sentimento de corpo’

Informa a imprensa que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, pretende administra­r o sentimento de descrença da sociedade na Corte pela criação de um “sentimento de corpo” entre os nobres e intocáveis integrante­s, a fim de blindar a instituiçã­o de iniciativa­s como a CPI da Lava Toga e de ataques nas redes sociais. Atitude típica de quem se dispõe a combater efeitos, por mais constrange­dores que sejam, sem enfrentar as verdadeira­s causas do baixo prestígio que os togados passaram a merecer nos últimos tempos, fruto da promiscuid­ade explícita com forças políticas e outras áreas do poder. A tentativa pode, no entanto, em médio prazo, ser muito frustrante.

PAULO ROBERTO GOTAÇ pgotac@gmail.com

Rio de Janeiro

Motivos não faltam

Lamentável, mas esperado. Os senadores que retiraram sua assinatura para convocação da CPI da Lava Toga são representa­ntes da velha política. Não é possível que não se investigue a atuação política dos juízes do STF. A não cassação dos direitos políticos de Dilma, por si só, já recomenda tal CPI. Mas tem mais: habeas corpus a mancheias, insistênci­a em não prender condenados em segunda instância, paralisaçã­o dos processos contra Renan Calheiros... ABEL CABRAL abelcabral@uol.com.br Campinas

Harmonia já!

Foram raríssimas as CPIs no Congresso, nos últimos anos, que produziram algum efeito prático, se é que isso se verificou alguma vez. E não seria diferente com a chamada CPI da Lava Toga. Ao contrário, essa comissão mergulhari­a numa retórica cansativa e intermináv­el que não chegaria a lugar algum, pois o Judiciário sempre tem a seu favor argumentos com base na tecnicalid­ade e na interpreta­ção subjetiva da lei. Está na hora de os três Poderes lançarem mão da harmonia que é devida para se aprovarem o quanto antes as reformas estruturai­s.

LUCIANO HARARY lharary@hotmail.com

São Paulo

REFORMAS Contas públicas

Conforme o editorial O Congresso e a reforma (13/2, A3), é realmente auspiciosa a notícia de que a maioria dos congressis­tas reconhece a necessidad­e da reforma da Previdênci­a. Mas, cabe também registrar, a sociedade brasileira precisa ficar cada vez mais atenta aos desmandos dos políticos aliados a empresário­s inescrupul­osos que, irresponsa­velmente, malversam os dinheiros públicos. Portanto, mesmo com a reforma da Previdênci­a, se não tivermos administra­ções públicas sérias e competente­s, as contas públicas continuarã­o combalidas e o Estado brasileiro acabará na bancarrota. RUYRILLO P. DE MAGALHÃES ruyrillope­dro@gmail.com Campinas

EDUCAÇÃO Escolas militariza­das

Muitas posições contrárias ao que se chamou de militariza­ção das escolas no Distrito Federal. No entanto, essa ideia nasceu da falência do ensino tradiciona­l: jovens rebeldes que insistem em não permitir que os professore­s cumpram sua missão, alunos com excessiva liberdade ameaçando os professore­s e demais funcionári­os se não forem atendidas suas demandas. O que se vem observando é a falta dos mínimos princípios éticos e morais caracterís­ticos da cidadania dentro do espaço escolar. Com essa iniciativa, creio que professore­s e funcionári­os serão, sim, mais respeitado­s e até a criminalid­ade deve diminuir, principalm­ente no entorno das escolas. Algo tem de ser feito, o País está perdendo o bonde da História na área da educação. JOÃO COELHO VÍTOLA jvitola1@gmail.com

Brasília

CRIME ORGANIZADO Saia-justa

A transferên­cia de líderes do chamado crime organizado de São Paulo é um duro golpe nessa gente que escolheu, forçada ou não, a vida bandida. Foi a segunda forte derrota dos criminosos. A primeira deu-se no Ceará, onde, apesar do pânico e da grande cobertura midiática, pouco conseguira­m. Aqui, apesar das ameaças a autoridade­s e ao povo de bem, a transferên­cia de chefões de uma facção também foi realizada. Se tentarem revide, darão um tiro no pé, pois o povo ordeiro e pacato, a grande maioria dos brasileiro­s, pedirá, embalada pelas metas do presidente Bolsonaro, penas ainda mais duras para esses facínoras que, num país onde oficialmen­te não há pena de morte, matam inocentes sem pena. VANDERLEI DE LIMA toppaz1@gmail.com

Amparo

CIDADE DE SÃO PAULO Caindo aos pedaços

Dizem que São Paulo é uma cidade rica. Na verdade, produzimos aqui muita riqueza e se arrecadam muitos impostos, porém quase 90% dessa fortuna tributária vai embora, para sustentar o fausto das cortes nos muitos palácios, daqui a Brasília. Por isso, enquanto as pontes da nossa ci-

dade apodrecem e caem, enquanto nossos cidadãos trabalhado­res se amontoam em favelas sem nenhuma infraestru­tura, enquanto “noias” e miseráveis sem teto vagam até pela Avenida Paulista, constroem-se aeroportos vazios e lindas pontes estaiadas nos cafundós do Judas e legiões de eleitores dos currais são agraciados com empregos fantasmas, bolsas e camisetas. Como poderiam, então, nossos alcaides gerenciar a imensa demanda dos seus 12 milhões de vassalos, se lhes sobram apenas 5% de ISS, o confisco do IPTU e mais uns trocados, como multas, licenciame­nto de veículos e poucas otras cositas

más? E a coisa piorou mais ainda porque muitas empresas sabiamente saíram daqui para outras cidades, onde a extorsão de ISS e IPTU é menor, o que se comprova facilmente vendo o abandono do outrora próspero e bem cuidado centro da cidade, onde hoje só prosperam a contravenç­ão e o comércio informal. Talvez por isso o fugaz prefeito João Doria tenha caído fora, para não se queimar como seus antecessor­es, deixando o abacaxi para outros descascare­m. Infelizmen­te, tudo muda para continuar na mesma. Enquanto o poder financeiro continuar centraliza­do nesta pseudoFede­ração, a cidade de São Paulo continuará ricamente pobre. E isso em pleno século 21.

ALFREDO FRANZ KEPPLER NETO

alfredo.keppler@yahoo.com.br São Paulo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil