Poder de barganha de deputados deve crescer
Asucessão de conflitos e de crises em menos de dois meses de governo preocupa quem no Congresso farejava um clima favorável para a aprovação da reforma da Previdência. A partir de agora, valerá a regra de que timing é tudo: quanto mais o governo se desgasta, mais os parlamentares veem crescer o “valor” de seus votos e seu poder de barganha na hora de negociar apoio. Por isso, Jair Bolsonaro voltou a Brasília com uma ideia fixa: aproveitar o que lhe resta de popularidade e ser, ele próprio, o porta-voz da reforma com os deputados.
» Rega-bofe. A equipe do ministro Onyx Lorenzoni pensa em organizar um jantar para os 513 deputados federais no qual o presidente apresentaria, ao lado de Rodrigo Maia, os dois parlamentares que conduzirão o projeto na Camara.
» Run, Onyx, run. Se ficar para o segundo semestre, a reforma já era, aposta um experiente observador.
» Eu quero. Brigam pela relatoria da Comissão Especial da reforma os deputados Altineu Côrtes (PR-RJ), Bia Kicis (PSL-DF), Pedro Paulo (DEM-RJ) e Arthur Maia (DEM-BA).
» Menos. Rodrigo Maia (DEM-RJ) prefere escolher alguém de outra legenda para não dar ainda mais na vista que o DEM está levando tudo. Pesa a favor de Arthur Maia e Pedro Paulo, no entanto, o fato de que conhecem bem o assunto.
» Currículo. Arthur Maia relatou a reforma do ex-presidente Michel Temer; Pedro Paulo, economista, o regime de recuperação fiscal da mesma gestão.
» CQD 1. O ataque público de Carlos Bolsonaro ao ministro Gustavo Bebianno reforçou em Brasília duas impressões sobre o governo. A primeira: assim como o PSL, ele também é um grande saco de gatos.
» CQD 2. A segunda impressão: os Bolsonaros são elefantes em lojas de cristais. Mesmo parlamentares aliados acham que a condução do episódio fragiliza o Planalto em momento crucial.
» Começo de conversa. Onyx almoçou ontem com o líder na Câmara e o presidente do Solidariedade, Augusto Coutinho (PE), e Paulinho da Força (SP).
» Tente outra vez. Alessandro Vieira, autor da CPI da Lava Toga, não desistiu do seu projeto. Caso o presidente Davi Alcolumbre não banque sua empreitada, ele não descarta apresentar outro pedido, com mais justificativas e maior abrangência: todo o Judiciário.
» Tio Barnabé. Novato no Senado, Major Olímpio (PSL-SP) saiu-se com uma explicação literalmente folclórica para o arquivamento da CPI da Lava Toga após o almoço de Dias Toffoli com Onyx Lorenzoni: “Em terra de saci, é proibido dar pernada”. Pressão. Artistas, com receio das mudanças prometidas pelo governo e por parlamentares na Lei Rouanet, tentam influenciar a escolha do presidente da Comissão da Cultura na Câmara. O ex-ministro Marcelo Calero (PPS-RJ) e o deputado Chico D’Ângelo (PDT-RJ) são os preferidos do setor.
» Ecológicos. O presidente da Câmara Municipal de SP, Eduardo Tuma, anunciou pregão para o aluguel de carros híbridos para os vereadores. Quem topar terá descontado o valor da verba de gabinete, como já funciona atualmente.