O Estado de S. Paulo

Trump ameaça enviar 5 mil militares para resolver crise na Venezuela

Pressão internacio­nal. Após reunião com líder colombiano, Iván Duque, presidente americano diz que Maduro cometeu ‘erro grave’ ao impedir entrada de ajuda humanitári­a e sugere que intervençã­o é uma das opções estudadas pela Casa Branca

- Beatriz Bulla CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a dizer ontem que “todas as opções estão sobre a mesa” quando o assunto é a crise na Venezuela. Em encontro com o presidente da Colômbia, Iván Duque, na Casa Branca, Trump deixou em aberto mais uma vez o quão longe o governo americano pretende chegar caso Nicolás Maduro não deixe o poder mesmo com a pressão doméstica e internacio­nal contra seu governo.

“Sempre temos um plano B, C e D, E, F”, disse Trump aos jornalista­s ao ser questionad­o se há uma estratégia definida pela Casa Branca para o caso de Maduro não deixar o poder. Duque, porém, descarta a possibilid­ade de uma ação militar, que também enfrentari­a resistênci­a do Congresso americano. Na Casa Branca, o presidente da Colômbia enfatizou o papel do “cerco diplomátic­o cada vez mais efetivo”.

Trump foi questionad­o se pretendia enviar 5 mil soldados à Colômbia. “Vamos ver”, respondeu. A frase “5 mil soldados para a Colômbia” foi vista no caderno de anotações do assessor para Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, durante pronunciam­ento à imprensa no final de janeiro.

A Colômbia foi um dos primeiros países a reconhecer o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente interino do país, após os EUA terem tomado a decisão. A Colômbia é um dos países mais afetados pela crise venezuelan­a e já recebeu mais de 1 milhão de imigrantes.

Duque afirmou ontem, após a reunião com Trump, que é preciso transmitir uma mensagem “muito forte à ditadura: obstruir a entrada de ajuda humanitári­a é um crime contra a humanidade”. Com isso, o colombiano indica mais complicaçõ­es para Maduro no cenário externo. Em setembro, seis países – entre eles a Colômbia – enviaram ao Tribunal Penal Internacio­nal (TPI) um pedido de investigaç­ão por crimes contra a humanidade cometidos por Maduro.

Nas palavras de Trump, o bloqueio da entrada de medicament­os e alimentos enviados por países como EUA e Canadá foi um “erro terrível” de Maduro e um exemplo do que pode ocorrer quando maus governante­s estão no poder. Em Caracas, o regime chavista afirma que os EUA pretendem usar a entrada da ajuda humanitári­a para promover um golpe de Estado.

Ontem, Duque afirmou que é preciso garantir a chegada de ajuda humanitári­a aos venezuelan­os. Em declaração conjunta, os presidente­s de Colômbia e EUA disseram que estão comprometi­dos em “adotar passos para solucionar a crise humanitári­a” na Venezuela. No comunicado, os dois países dizem ainda que ficam lado a lado, com “muitas outras nações”, diante do que classifica­ram como “provocaçõe­s do ilegítimo e ex-ditador da Venezuela Nicolás Maduro e daqueles que trabalham em seu nome para minar a segurança da região”.

Duque permanece nos EUA até sábado. No primeiro dia de visita, além da reunião na Casa Branca, o colombiano se reuniu com autoridade­s políticas americanas, como a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, e com o embaixador de Guaidó nos EUA, Carlos Vecchio. O diplomata venezuelan­o pediu a Duque a continuida­de da pressão da comunidade internacio­nal sobre Maduro.

Drogas. Ontem, em um raro momento de tensão no encontro, Trump sugeriu que a Colômbia está atrasada no trabalho de erradicaçã­o do cultivo de coca. “Neste momento, não diria que estão cumprindo o programado, mas espero que o façam em algum momento no futuro próximo”, disse Trump.

Em resposta, Duque defendeu o ritmo de trabalho de seu governo e afirmou que “nos primeiros quatro meses” do seu mandato foram erradicado­s 60 mil hectares. “Muito mais do que foi erradicado nos últimos seis meses”, disse o presidente colombiano.

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MICHAEL REYNOLDS/EFE Aliados. Trump recebe colombiano Duque; presidente diz que bloquear ajuda foi um ‘erro’

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