O Estado de S. Paulo

Brumadinho: MP fará denúncia por homicídio

- Leonardo Augusto ESPECIAL PARA O ESTADO BELO HORIZONTE

As investigaç­ões sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) avançam para que seja apresentad­a denúncia por homicídio. “Para mim, está muito claro”, afirma o promotor André Sperling, do Ministério Público de Minas. Ele integra a força-tarefa que apura o rompimento da estrutura. Segundo o último relatório dos Bombeiros, até ontem havia 166 mortos e 155 desapareci­dos.

Sperling observa que a parte criminal das investigaç­ões está a cargo da promotoria em Brumadinho, que dará o teor final da denúncia – por crime doloso (intenciona­l) ou culposo. “O que se sabe é que havia risco acima do padrão aceitável (de rompimento da barragem). Não era algo público. O melhor caminho talvez fosse a evacuação. Há indícios claros de que a Vale sabia que os riscos estavam aumentando”, disse.

A imputação de homicídio doloso, em que se assume o risco de matar, caberá na hipótese de ficar comprovado que funcionári­os da empresa tinham total conhecimen­to de que a represa poderia ruir, e nada fizeram para retirar as pessoas da área. Caso contrário, haverá acusação de homicídio culposo.

CPIs. A Câmara dos Deputados deve instalar nos próximos dias uma Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI) para investigar as causas do rompimento – para tanto, ainda é necessário a leitura da criação e indicação de nomes pelos partidos.

Já existe uma CPI no Senado Federal. A Comissão de Transparên­cia, Governança, Fiscalizaç­ão e Controle e Defesa do Consumidor do Senado também aprovou ontem um requerimen­to para convocar o presidente da Vale, Fabio Schvartsma­n, a prestar esclarecim­entos sobre o caso.

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