O Estado de S. Paulo

Quem insiste em subsídio, quebrou o País, diz Guedes

Um dia após ter perdido uma batalha por menos protecioni­smo no setor de leite, ministro afirma que ‘todo mundo vem pedir dinheiro para isso ou aquilo’

- Eduardo Rodrigues Anne Warth/BRASÍLIA COLABORARA­M LU AIKO OTTA, TEO CURY e RENAN TRUFFI

Depois de ter perdido a primeira batalha por menos protecioni­smo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que os que insistem em subsídios “quebraram o Brasil”. “Todo mundo vem pedir subsídios, dinheiro para isso, dinheiro para aquilo. Eu falo: o que vocês podem fazer pelo Brasil? Quebraram o Brasil, quebraram o Brasil”, afirmou o ministro a empresário­s, em Brasília.

“Muitas vezes nossa vida é jogada de um lado para o outro e não são as melhores opções”, desabafou Guedes. O ministro já teve de lidar com as críticas da ministra Tereza Cristina, que afirmou em entrevista ao Estado que não pode haver um “desmame radical” na subvenção do crédito agrícola pela União.

Também por causa da pressão do agronegóci­o, a equipe econômica teve de recuar e ainda hoje deve ser editado um decreto para aumentar a taxa de importação de leite em pó da União Europeia para compensar o fim de uma tributação antidumpin­g de 14,8%, revogada pela equipe econômica. Os produtores reclamaram que, sem a taxa, em vigor desde 2001, o mercado poderia ser invadido por leite em pó europeu. As importaçõe­s do produto serão taxadas em 42,8%. O presidente Jair Bolsonaro confirmou o aumento do imposto num tuíte.

“O ministro da Fazenda não pode fazer uma coisa de manhã e de tarde ser desfeita. É um jogo de xadrez, tem que se ter cuidado quando se mexer uma pedra importante, todo mundo está vendo”, criticou ontem o novo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Omar Aziz (PSDAM). “O presidente Bolsonaro, por quem eu tenho todo respeito, comemorou uma vitória em cima do governo dele. Isso não dá tranquilid­ade a nenhum investidor”, disse.

Para Omar Aziz, as “regras do jogo” não podem ser mudadas sem que seja feito um estudo aprofundad­o sobre o tema. “Foi o que o (ex-presidente Michel) Temer errou na questão dos caminhões. Vocês lembram que quando houve a crise dos caminhões, ele, para dar um preço mínimo para o combustíve­l, foi mexer em outras coisas. A economia é um jogo de xadrez. Você tem que mexer uma pedra, mas você tem que saber o que vai acontecer depois de 7, 8 jogadas”, disse.

Já o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacio­nais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, defendeu ontem a abertura comercial brasileira como estratégia para o desenvolvi­mento. Em seminário, ele afirmou que a meta é aumentar a participaç­ão do comércio exterior no PIB, a exemplo do que fizeram todos os países que mudaram de patamar de renda nos últimos 70 anos./

“Todo mundo vem pedir subsídios, dinheiro para isso, dinheiro para aquilo. Eu falo: o que vocês podem fazer pelo Brasil? Quebraram o Brasil.” Paulo Guedes

MINISTRO DA ECONOMIA

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