O Estado de S. Paulo

Infraero retoma venda de fatia em 4 aeroportos

Consultori­a fará estimativa de valor dessas participaç­ões e proposta para venda

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

O governo vai retomar o processo de venda das participaç­ões acionárias da Infraero em aeroportos já concedidos, informou ontem o secretário de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, durante a entrega do prêmio Aeroportos +Brasil 2019. A Infraero detém 49% das concessões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos, Brasília, Galeão e Confins. Até hoje, a União aportou perto de RS 5 bilhões nesses negócios, a maior parte em investimen­tos.

Ainda este mês, a diretoria da Infraero deverá aprovar a contrataçã­o de uma consultori­a que fará uma estimativa de valor dessas participaç­ões acionárias e uma proposta para sua venda. O desinvesti­mento deverá ocorrer em aproximada­mente dois anos, disse o secretário.

A participaç­ão da Infraero em Viracopos será analisada à parte, já que a concession­ária está em processo de recuperaçã­o judicial. O governo contempla dois cenários para essa concessão: uma solução de mercado ou o “plano B”, que seria uma nova licitação. “Torcemos pela solução de mercado”, disse Glanzmann. Mas, por enquanto, o cenário está indefinido. Uma assembleia de credores do aeroporto, marcada para maio, deverá indicar que caminho será seguido.

O governo de Michel Temer (2016-2018) chegou a avaliar a venda das participaç­ões acionárias da Infraero, mas a ideia não foi adiante. Porém, o presidente Jair Bolsonaro prepara o fim da estatal, conforme informou o Estado em dezembro. Todos os aeroportos serão concedidos à iniciativa privada. Em março, vão a leilão as concessões de 12 aeroportos no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do País.

Prêmio. Concedido à iniciativa privada em 2012, o aeroporto de Brasília foi eleito pelos usuários como o melhor de grande porte do Brasil. Entre os de porte médio, com 5 milhões a 15 milhões de passageiro­s por ano, o prêmio ficou com Viracopos. E entre os menores, com menos de 5 milhões de passageiro­s por ano, o vencedor foi Manaus. A Azul recebeu os dois prêmios dedicados a companhias aéreas: check-in e restituiçã­o de bagagem mais eficientes.

“Não faz sentido falar em falência do melhor aeroporto do País”, comentou o presidente da Aeroportos Brasil Viracopos, Gustavo Müssnich. As receitas da concession­ária, explicou, são suficiente­s para pagar seus custos operaciona­is e quitar as parcelas do financiame­nto concedido pelo BNDES e outros bancos. Faltam recursos para pagar a parcela de outorga devida ao governo federal.

Por causa dessa inadimplên­cia, que está em R$ 430 milhões, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) abriu um processo de caducidade da concessão.

Segundo Müssnich, ao mesmo tempo em que há essa dívida, a concession­ária reivindica perto de R$ 500 milhões em reequilíbr­io contratual, por compromiss­os não cumpridos pelo governo. O executivo usa esses números para mostrar que com poucos ajustes a concessão “para em pé”.

Ainda que a Anac não atenda a todos os pedidos de reequilíbr­io, parte do rombo poderá ser coberto se a agência concordar com alguns dos argumentos da concession­ária.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO - 26/4/2018 Recursos. União aportou cerca de R$ 5 bi nesses negócios

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