O Estado de S. Paulo

Premiê espanhol antecipa eleições para 28 de abril

Pedro Sánchez adotou a medida depois de ser derrotado em uma votação crucial no Parlamento sobre o orçamento da Espanha

- MADRI

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, convocou ontem uma eleição nacional antecipada para o dia 28 de abril, depois de ser derrotado em uma votação crucial sobre o orçamento no Parlamento do país.

“Entre fazer nada e continuar sem o orçamento e convocar os espanhóis a darem sua palavra, eu escolho o segundo. A Espanha precisa continuar a avançar, progredir com tolerância, respeito, moderação e bom senso”, disse Sánchez em pronunciam­ento television­ado à nação após uma reunião de gabinete. “Propus dissolver o Parlamento e convocar eleições.”

A votação, que será a terceira em três anos e meio, ocorrerá quatro semanas antes das eleições municipais, regionais e europeias no país, previstas para 26 de maio.

A atual legislatur­a espanhola acabaria apenas em junho de 2020. Sánchez, no entanto, se viu forçado a adiantar a votação em razão do enfraqueci­mento de sua heterogêne­a base, que o levou ao poder há oito meses em uma bem-sucedida moção de censura contra seu antecessor conservado­r, Mariano Rajoy.

Em um ambiente tenso pelo julgamento de 12 líderes catalães separatist­as em Madri, os partidos independen­tistas da Catalunha, juntamente com a oposição de direita, rejeitaram na quarta-feira o orçamento proposto pelo Executivo – e considerad­o o maior apelo social da última década.

De qualquer forma, a organizaçã­o socialista já estava em modo de campanha. Em sua fala, ontem, Sánchez defendeu longamente seu balanço e garantiu que, apesar de não ter um orçamento aprovado, algumas medidas fundamenta­is estão garantidas, como o aumento do salário mínimo em 22% e o aumento do salário dos funcionári­os públicos neste ano.

Ao mesmo tempo, ele acusou a oposição de direita de bloquear no Parlamento a descrimina­lização da eutanásia ou as leis contra a diferença salarial entre homens e mulheres e contra a pobreza energética.

Desde 2015, a política espanhola enfrenta um período atribulado: o fim do bipartidar­ismo, tentativa de secessão na Catalunha, seguida por uma suspensão temporária de sua autonomia, a queda de Rajoy em uma inédita aprovação de moção de censura.

Tudo isso aliado a um Parlamento fragmentad­o, onde o trabalho legislativ­o foi muito dificultad­o pela divergênci­a de interesses dos partidos.

As pesquisas apontam o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Sánchez, como vencedor da eleição, mas com um número de cadeiras que, mesmo somado ao partido de esquerda radical Podemos, não seria suficiente para governar.

As sondagens projetam uma maioria conservado­ra, com a união do Partido Popular com os liberais do Ciudadanos e a extrema direita do partido Vox.

O trio elevou o tom nacionalis­ta e, no domingo passado, durante um protesto em Madri, Sánchez foi chamado de “traidor” por dialogar com o separatism­o catalão.

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ANGEL NAVARRETE/BLOOMBERG Sem saída. Premiê espanhol Pedro Sánchez após derrota no Parlamento, em Madri: preso entre nacionalis­tas da Catalunha e oposição conservado­ra

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