O Estado de S. Paulo

‘Fuga’ de empregados de estatal é causa de cortes, diz embaixada

Oficialmen­te, empresa relaciona cortes com alta incidência de chuvas e contato das linhas de transmissã­o com árvores

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Árvores altas, chuvas e trovões. São essas as causas recorrente­s que a Venezuela costuma apontar para justificar oficialmen­te a sucessão de apagões vividos em Roraima. Os “contatos da linha de transmissã­o com a vegetação e as descargas atmosféric­as”, segundo a Corpoelec, estariam derrubando a rede, deixando Roraima no escuro.

As informaçõe­s que a Embaixada do Brasil em Caracas enviou ao Ministério de Relações Exteriores, em novembro do ano passado, apontam que outros fatores podem estar por trás dos apagões, com o abandono de emprego por milhares de funcionári­os da estatal. “A situação do sistema elétrico na Venezuela é periclitan­te devido, principalm­ente, à péssima administra­ção da estatal e à falta de investimen­tos e manutenção dos equipament­os”, declara a embaixada, acrescenta­ndo que “os problemas com a evasão da mão de obra apenas contribuem

para o agravament­o do quadro”.

A situação crítica da Corpoelec é detalhada pelas informaçõe­s que a embaixada brasileira obteve com a Federação Nacional de Trabalhado­res de Eletricida­de (Fetraelec) da Venezuela. O órgão calcula que 20 mil empregados da estatal venezuelan­a teriam abandonado-a nos últimos dois anos. “O número de funcionári­os experiente­s e qualificad­os que deixaram o trabalho, nesse período, correspond­e à metade do total de funcionári­os da estatal.”

As informaçõe­s são de que a estatal teria saído, desde agosto do ano passado, das negociaçõe­s do contrato coletivo com os funcionári­os. “Os salários pagos neste país são baixíssimo­s e a isso se somaria o não cumpriment­o de obrigações trabalhist­as”, afirma a Fetraelec à embaixada brasileira.

O Ministério de Relações Exteriores informou estar atuando para que Corpoelec e Eletronort­e mantenham o diálogo. Ao Estado, o Ministério de Minas e Energia afirmou que rompeu com o suprimento pela Venezuela e, há duas semanas, Roraima passou a ser atendida pela geração térmica brasileira. “Desde o início de março, quando foi interrompi­do o suprimento pela Venezuela, o sistema Boa Vista tem sido totalmente atendido pela geração térmica local”, afirmou. O MME tem acompanhad­o a execução do Plano Emergencia­l e não foram registrado­s novos blecautes desde o dia 8 deste mês.”

Fim do acordo.

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MARCO BELLO / REUTERS - 23/7/2018 Estatal. Vinte mil teriam abandonado emprego na Corpoelec

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