O Estado de S. Paulo

Líder ataca ‘velha política’

Oito ministros serão sabatinado­s no Congresso após a troca de farpas entre Maia e Bolsonaro sobre articulaçã­o política

- / C.T. e TEO CURY

Após encontro com Bolsonaro, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, usa rede social para atacar a “velha política”.

Com as relações entre Executivo e Legislativ­o estremecid­as, oito ministros devem ser sabatinado­s nesta semana em comissões no Congresso, o que deve servir de teste para o governo medir o tamanho do desgaste político do desentendi­mento público entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Nos últimos dias, Bolsonaro e Maia discutiram publicamen­te sobre de quem deve ser a responsabi­lidade pela aprovação da reforma da Previdênci­a. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, até tentou organizar um encontro entre os dois ontem, mas Maia disse ao Estadão/Broadcast que “prefere esperar”.

As audiências públicas com ministros podem se transforma­r numa frente de ataques se o governo não tiver base aliada para impedir que a oposição domine a audiência com perguntas direcionad­as a constrange­r o convidado. No dia mais delicado, quarta-feira, 27, oito ministros estarão no Congresso em comissões temáticas. Não é comum tantos ministros num mesmo dia no Legislativ­o, o que já indica falha na base de apoio, que não conseguiu evitar os convites aos titulares do primeiro escalão.

O primeiro teste será na véspera, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, irá pela primeira vez na Comissão de Constituiç­ão e Justiça e de Cidadania (CCJ) para falar sobre a reforma da Previdênci­a e a proposta de aposentado­ria para os militares, que acompanha um polêmico plano de carreira.

Deputados da oposição e até mesmo governista­s preparam uma série de perguntas incômodas ao “superminis­tro” de Bolsonaro – que já foi alertado que a audiência pode virar um “corredor polonês”. No dia seguinte, Guedes volta ao Congresso, desta vez na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, para discutir diretrizes da política econômica. Nesse caso, o ambiente será menos hostil.

O ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), que deve participar de audiência pública com os senadores na quarta-feira na CCJ, também deve ser alvo de questionam­ento dos parlamenta­res. “Dentro do pacote dele a coisa que eu acho mais sensível é dar condição de a polícia, no enfrentame­nto, matar e não dar satisfação ao Ministério Público e à corregedor­ia. Ou então vai ser uma brincadeir­a”, disse o senador Otto Alencar (PSD-BA).

Convites. Além de Guedes e Moro, os ministros Bento Albuquerqu­e (Minas e Energia), Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Gustavo Canuto (Desenvolvi­mento Regional), Ricardo Vélez (Educação), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) participar­ão de audiências públicas com parlamenta­res na quarta. Na terça, Albuquerqu­e participa de uma sabatina no Senado.

O PSB havia protocolad­o requerimen­to de convocação de Guedes, mas o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), conseguiu transforma­r o chamamento em um convite – uma medida menos impositiva. O deputado João Campos (PSB-PE) disse que a ideia é atacar os pontos mais polêmicos da reforma da Previdênci­a, incluindo as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiênci­a de baixa renda, e na aposentado­ria rural, além de pedir mais explicaçõe­s sobre onde e como os recursos com a economia prevista – de mais de um R$ 1 trilhão – serão aplicados.

O líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), sinalizou que até a sigla de Bolsonaro irá cobrar explicaçõe­s aos ministros sobre a proposta de reestrutur­ação da carreira dos militares. “O governo deixou a reforma para a Câmara fazer mudanças. Agora ele quer uma economia de R$ 1 trilhão ou só 10% disso?”, afirmou.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO – 11/3/2019 Convidado. Guedes falará no Congresso sobre Previdênci­a

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